Em frente, vamos!.

EM FRENTE, VAMOS! Com presença, serenidade e persistência, há boas razões para esperar que isto é um bem...

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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Nem rasca, nem à rasca!

Apenas e só… ainda mais à rasca!

Nos anos noventa, do Século passado, bem se vê, a juventude veio para a rua. Veio para a rua naquela altura, como virá sempre que a rua falar mais alto… por falta de oportunidades noutros lugares e paragens.

Esse movimento, à época com laivos de escândalo, seria, porventura, entre nós, o primeiro “boom” de jovens com Cursos Superiores, Mestrados,… a não encontrarem o emprego que sonharam ao longo dos anos de Faculdade, do Ensino Superior. Entretanto, juntaram-se aos fundamentos da “arruada” o aumento das propinas, as reformas na educação,… tudo concorreu para a manifestação! E quando decorria o ano de 1994, Vicente Jorge Silva, director do Jornal Publico, ao referir-se aos jovens da altura como "a geração rasca", no célebre editorial, propagou ainda mais a ira da multidão. A designação deu uma exponencial projecção a tudo, ao ponto de se encontrar antídoto no epíteto contraditório de “geração à rasca”!

E têm existido alterações nestes indícios sobre a situação para as recentes e actuais gerações de jovens!? A resposta parece óbvia e não será positiva. Ao ponto de já nem rasca, nem à rasca!

Os jovens, a força, a criatividade, a inovação de um grupo, da vida, da sociedade, das instituições continuam a não ter lugar!

A chegar ao Natal de 2010, um estudo que corre o mundo aponta que os jovens enfrentam hoje o risco de um nível de vida pior que o de seus pais - 54% não têm projectos nem entusiasmo. Tão preparados e satisfeitos com a vida, e tão vulneráveis e perdidos, os jovens sentem-se presas fáceis da devastação do mundo do trabalho, mas não conseguem vislumbrar uma saída, nem combater esse estado de coisas.

Os sociólogos detectam a aparição de um modelo de atitude adolescente e juvenil: a dos nem-nem, caracterizada por uma rejeição simultânea ao estudo e ao trabalho.

Este comportamento emergente é sintomático, já que até agora era subentendido que se a pessoa não queria estudar, deveria trabalhar. Porém, agora, nem trabalho nem estudo; nem estudo nem trabalho! Haverá saída?

A crise veio acentuar a incerteza no seio de uma geração que cresceu no seio familiar de melhoria continuada do nível de vida e que foi confrontada com a deterioração das condições em que nasceu e cresceu.

As vantagens de ser jovem numa sociedade mais rica e tecnológica, mais democrática e tolerante, contrastam com as dificuldades crescentes para se emancipar, desenvolver e envolver num projecto de futuro.

Sendo o Natal tempo de olhar para as coisas simples, basta olhar ao redor. Ainda é possível! Tem de ser possível!

 

(PL, in "Correio do Vouga" - 2010.12.22)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

WikiLeaks e a falta de açúcar

 

Não concordamos com esta, suposta, ameaça à tradição e bons costumes: a falta de açúcar na época de Natal!

A Associação que tutela o mercado de abastecimento (Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição –APED) anunciou que durante o fim-de-semana houve uma procura de açúcar muito superior ao normal, o que levou à ruptura de stocks em alguns estabelecimentos comerciais, na sequência das notícias veiculadas na comunicação sociais.

Na época do Natal não é habitual existir uma procura superior ao normal?! O açúcar, nesta altura estará ao mesmo nível, na intensidade de procura, que o bacalhau, não?!

Se a comunicação social enfatizou as coisas, dá ideia que “onde há fumo haverá fogo?!” Nos últimos dias, várias superfícies comerciais estavam a racionar a venda de açúcar – limitando, em alguns casos, a dois pacotes por pessoa. A justificar a situação estará a subida dos preços da matéria-prima nos mercados internacionais, que obrigou à paragem das refinarias em Portugal. E, não tarda, estará aí 2011. Uma oportunidade para, à sombra da contenção, subir os preços?!

O açúcar refinado, em boa verdade, se faltasse uns tempos até nos pouparia uma série de consequências. As mais comezinhas estarão na silhueta e as mais sérias no impacto na saúde! Sem açúcar evitavam-se muitos excessos! Porque até no doce, no que sabe bem ao palato, terá de haver contenção, moderação, método no consumo!

Seja como for, o açúcar está de regresso mas temos um aviso sério na preparação do futuro. Mais e melhor planificação da vida, ajustada às nossas reais potencialidades (sublinhe-se a distinção entre potencialidades e possibilidades. Mesmo que tenhamos possibilidades, o melhor é conter o ímpeto do poder ter!). Em poucos dias, ficamos dependentes dos humores e furores… como o do açúcar!

O caso “wikileaks” oferece uma leitura idêntica. Trata-se de falta de açúcar! Podemos ter, podemos consumir, podemos aceder à informação. Sabemos que alimentar a curiosidade de todo o tipo de curiosos e desmontar uma rede de relações diplomáticas até parece que nos faz falta, em nome da verdade, da transparência, empanturrar o mundo com as fragilidades da vida!

Às vezes querer tudo, saber tudo,… pode matar! Porque, até na doçura da curiosidade “big brotheriana” , terá de haver contenção, moderação, método no consumo!

Expostos à teia que tece o mundo, voltemos aos valores que o Natal ainda acolhe e aconchega!

(PL, in "Correio do Vouga" - 2010.12.15)

terça-feira, 30 de novembro de 2010

No rasto da esperança

 

Algumas vezes temos defendido que o mundo deveria ser governado entre alguma criatividade na disposição das virtudes teologais. Em vez de fé, esperança e caridade porque não fé, caridade e esperança!?

Compreendemos e acreditamos que ao fundamentarem e animarem o agir moral do cristão, vivificando as virtudes humanas, segundo a Doutrina da Igreja Católica, nos vários contextos em que os homens e as mulheres do nosso tempo têm de interagir e administrar o património que é de todos, consuma-se, como noutros tempos difíceis, a fé que actua pelo amor (Gálatas, 5,6).

Assim, primeiro a Verdade! E, depois, a verdade que actua com doação, com entrega, sem usar nem usurpar.

Inevitavelmente, se deixarmos de acreditar tudo o resto ruirá.

Entretanto, como é a última a morrer, poderia ser a terceira das virtudes. A esperança é mesmo assim, nunca acaba. E, mesmo depois de terminar, ainda há o… podia ser bem pior! Sem alienações, é preciso acreditar que vamos conseguir dar a volta a isto.

O primeiro contributo para não matar a última réstia, é falar com verdade sobre as coisas. Sem qualquer propaganda falaciosa.

Aquilo que assistimos, quando temos governos de maioria, é de um cortejo alinhado de gestão de mensagens! “Muito bem!” – grita-se para o cortejo. Quando os governos são de minoria, ouvimos imensas vozes discordantes; como se ninguém fosse sério! No meio disto tudo, começamos a acreditar que é verdade.

Onde estará a justa medida?

Quando ligamos os areópagos dos nossos tempos, ficamos entusiasmados com a possibilidade de crescermos juntos na procura da esperança, essa oportunidade de vida. É que não conseguimos vislumbrar outro caminho que não seja o de acreditar que é possível.

E voltemos à justa medida. Acreditar tanto pode levar à alucinação colectiva. Então, o que fazer.

Queremos homens e mulheres; jovens que falem da Verdade, dedicados e sérios, com esperança!

Gestos como os repetidos por condicionadores e manipuladores da informação, sob a capa da liberdade de imprensa, de expressão, conduzem-nos à ilusão, à mentira, à derrota, à revelação das nossas maiores misérias e dificuldades.

Como interpretar os casos “wikileaks”; "flash interview" com Jorge Jesus, no Beira Mar-Benfica; … ?! Parece que está tudo à beira da loucura!

A justa medida das coisas, como fazê-lo?!

Diácono Daniel Rodrigues, do que conhecemos, foi assim que, na determinação, seriedade, dedicação, vimos a Verdade. Apesar de estarmos entre os últimos a poder falar, este apontamento, e várias páginas de vida, será seu também, porque sempre o foi! Na hora em que o vemos partir, um Homem Ilustre de Aveiro, em si lemos as virtudes da Vida!

(PL, in "Correio do Vouga" - 2010.11.30)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Vamos grevar!?

 

Poderá ser um neologismo, claro. Mas, depois de um fim-de-semana de embriagante glória, uma glória por coisa pouca! Far-nos-á ser um país maior, mais competitivo, mais eficiente com uma vitória num jogo “amigável” de futebol com a Espanha?! E a cimeira da NATO?! Correu tudo bem… ainda bem! São aquelas coisas que é preferível serem assim mas não alteram nada do que temos de fazer.

Aliás, é muito interessante, nestas coisas que vão acontecendo no mundo e tem a nossa participação, haver entre nós quem duvide das próprias capacidades de estarmos talhados para o melhor, para a excelência! Porque reunimos num “pequeno rectângulo” tudo o que o Criador pode colocar ao dispor das mulheres e dos homens: clima; carácter; criatividade!

Porém, estas características acabam por colidir quando começamos a olhar para o lado sem visão crítica e com algum mesquinhismo, a desconfiança por ter tanta oportunidade num país tão pequeno! Olhamos para o lado ou assobiam-nos do lado, como as sereias na viagem de Vasco da Gama, e ficamos perturbados, sem fazer o que devemos. Nestas coisas deveríamos ver mais longe.

É por este ângulo que se vê, por exemplo, com é tratada uma eventual parte do texto (ainda desconhecido!) do Papa Bento XVI, “Luz do Mundo”, sobre alguns acessórios no relacionamento humano! – é caso para dizer que até chega a ser evidente alguma confusão semântica entre o acessório no acto com o assessório do acto!? Alariado sobre o óbvio?!

E, por fim, num país com as dificuldades financeiras que são expostas ainda há coragem para fazer greve?! Parece que isto não vai com greve, vai com trabalho sério de cima a baixo!

Com tanta gente a dizer que faz tanto – entre esses, por vergonha, também vamos no rol – como foi possível chegar aqui!?

Isto merece, não uma greve, em que mais uma vez quem trabalha fica a perder um dia de vencimento (após o dia de pagamento do ordenado e subsídio de Natal dará a ilusão de um desconto não fazer falta!), mas a invocação da outro artigo da Constituição, o 21º, o direito à resistência!

Quem fica a ganhar com a greve? É necessário fazer mais e, como a cigarra do conto, cantar menos !

(PL, in "Correio do Vouga" - 2010.11.24)

terça-feira, 16 de novembro de 2010

PL, in "Correio do Vouga" - 2010.11.16

 

Voltar ao Mar!

Todos os dias são fonte de inspiração para partilhar apenas um olhar sobre as coisas. A Cimeira da NATO, que ocorrerá em Lisboa, merecerá a nossa atenção. Neste dia, 16 de Novembro, valerá a pena salientar o que seguramente faz de Portugal um membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (sigla que deriva do inglês North Atlantic Treaty Organization) com particular preponderância: o mar!

Hoje celebra-se o Dia Nacional do Mar. Uma data comemorativa da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), que entrou em vigor a 16 de Novembro de 1994, tendo sido ratificada por Portugal a 14 de Outubro de 1997. Em 1998, o dia 16 de Novembro foi institucionalizado como o Dia Nacional do Mar!

O Mar continua, insiste o Presidente da República, a ser a nossa porta para o Mundo. Deveria ser – acrescentamos nós!

Apontamos quatro boas razões para a ele voltar.

Desde logo, como primeira razão, por termos um território tão grande que faz de nós um país enorme! Como está submerso não lhe ligamos muito. Mas, na verdade, a riqueza que as nossas águas possuem (em fauna, em flora, em energia, em corredores de navegação,…) são elementos suficientes para ser considerados! Valeria a pena classificar esses canais de circum-navegação como SCUT! Depois, instalavam-se uns pórticos… já estava; mais receita!

Há também uma segunda razão, a histórica. Sempre que nos fizemos ao mar, consolidámos a nossa independência! Só perdeu quem ficou em terra, como o “Velho do Restelo”. Sair para o Atlântico e abrir novos mundos ao mundo continua actualíssimo. Não é uma saída de explorador, o que defendemos. É descobrir ou redescobrir a aquacultura, a agricultura, o turismo,… que entre nós ou nos países próximos podemos investir, crescer juntos. Não nos parece que seja muito rentável pensar investir, para produzir, em países do espartilho continental!

A terceira razão, o (Beira) Mar da nossa Região, da nossa cidade!

Com ou sem problemas de Direcção, há um mistério, que tem rosto, como é evidente, no percurso que está a ser feito nestas duas últimas épocas. Como com tão pouco se faz muito e com dignidade?! Tudo o resto, deve ser resolvido pelos sócios. Fixamos no que se vê, no salta à evidência, e tem de ser sublinhado.

Por fim, o nível do mar! Está perigosamente a subir, é preciso dedicar-lhe mais e melhor atenção! Sobre isto não há dúvida nenhuma que ou vamos lá ou vem ele para cá!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

PL, in "Correio do Vouga" - 2010.11.09

 

“In”, “out” e a Soberana!

O título pode ter algo de jocoso. Aceite-se como o mais conveniente em tempo de intempéries: as de sempre, as da estação e as outras!

Assumindo-se como referência curiosa fazer uma abordagem das coisas partindo dos estrangeirismos “está dentro” e “está fora”, que é como quem diz, está na moda ou está “démodé “, declaradamente nós (portugueses) estamos “in”.

A nossa “Soberana” (a dívida) está a ser solicitada por todas as economias do mundo. Basta ver que, por estes dias, esteve por cá o Presidente da Venezuela, o Presidente Chinês, hão-de vir os da NATO! E é muito provável que assim continue.

Claro que pode não haver correlação causa-efeito, também não era para a haver. Os Soberanos encontram-se tantas vezes por ser encontrarem que estes (passados e futuros) encontros poderão não dar em nada. A opção é trabalhar mais e gozar/gastar menos ou continuar na mendicidade!

Bordalo Pinheiro teria moldado um boneco à circunstância, um português a apregoar… um pregão: “ Olha a Soberana Portuguesa!”

Sabendo nós que a dívida soberana pode ser interna, quando os credores são residentes no país, e externa, quando resulta de empréstimos e financiamentos contraídos no exterior, que, por pouparmos pouco, produzirmos pouco e gastarmos muito, é o nosso caso, estamos quase a entregar a Soberania a outros (novas formas de conquista imperial) e estes aproveitam o que temos de melhor, fecham os serviços que na perspectiva deles não funcionam ou estão anárquicos de cima a baixo, põe-nos a trabalhar de sol-a-sol e os mais dotados (física e intelectualmente) são deportados!

Com a caricatura dramática que é importante adornar estas coisas da ironia, ouvindo o diário da nossa vida, em Portugal, a Saúde, a Educação, a Justiça, os Apoios Sociais, a Cultura parece que precisam de mais uma revolução! Ora, ao vendermos a Soberana a quem, eventualmente, não tem uma apetência especial por estas coisas “menores” – e esse é um risco autêntico! – só pode fazer-lhes o mesmo que no seu país de origem, a realidade que conhece melhor: fecha-os!

Melhor será aprender a plantar arroz… para, chegada a hora, não ficarmos “out”!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

PL, in "Correio do Vouga" - 2010.11.02

 

Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay!!!

Os tempos que vivemos são mais importantes pela matriz que o calendário apresenta sobre os dias 1 e 2 de Novembro, com uma expressão generalizada na Europa a partir dos Séculos VII e VIII como dia de Todos os Santos, e , a partir do Século X, oficializado nos Séculos XIV/XV, o dia dos que “deixaram de exercer a sua função” ( terrena), os Fiéis Defuntos. Daí, fazermos esta ressalva no pórtico deste apontamento.

Mas estes dias, dando lugar à miscigenação de culturas, são precedidos pela noite do 31 de Outubro, o Halloween anglo-saxónico.

Terá origem no festival do calendário celta da Irlanda, o festival de “Samhain”, celebrado entre 30 de Outubro e 2 de Novembro, que marcava o fim do Verão (samhain significa literalmente "fim do verão"). Seriam festividades marcadas pelo druidismo; o conhecimento e uma certa religiosidade natural associada a interpretações da mutação e explicação das origens da vida. Com a Romanização, estas festividades tomaram como referência os ritos de passagem, da morte, associados aos momentos mais ocultos da vida.

O cristianismo redimensionou a evocação assumindo-a como vespertina ou vigília. Na tradução para o inglês, esta vigília (Vigília de Todos os Santos), traduz-se em “All Hallow’s Eve”, passando depois pelas formas “All Hallowed Eve” e "All Hallow Een" , que evoluiu para a expressão actual "Halloween".

E, mais para aqui mais para ali, retomou-se a associação aos druidas, ao misticismo da bruxa, da feiticeira ou feiticeiro!

Chegados a esta terra de gente séria, de Santos também, nada melhor que ilustrar o nosso sentir com recurso a Miguel Cervantes. Sancho Pança, escudeiro fiel do cavaleiro da triste figura, dizia ao seu amado mestre que "Yo no creo em brujas, pero que las hay, las hay..." (in El Ingenioso Hidalgo Don Quijote de la Mancha). O simples mas avisado Sancho tinha a convicção de uma coisa, não acreditava na existência das bruxas, mas temia a força desses seres das sombras.

Neste tempo de Santos, estamos quase que a retomar os sentimentos dos primórdios, e ficamos, graças às manobras do obscuro, sem confiança para poder por de parte “que las hay, las hay..”! É que o Santos de agora (chama-se Teixeira!) deixa-nos a todos num limbo entre a esperança de uma vida melhor (as promessas do Dia de Todos os Santos) que nunca mais chega e a perspectiva de não termos mais função aqui (passarmos a defuntos, no sentido etimológico!).

Não faltam avisos, evidências, que corroboram este sentir nacional. As circulares (plural, sim, são duas!) da Direcção Geral dos Recursos Humanos da Educação, que chegaram na noite de 29 de Outubro – como convêm às coisas tenebrosas! – são só mais um indicador da caça às bruxas! Não interessa se vem um, dois, três anos atrasadas as explicações pedidas ao tempo; quantas reuniões sobre a matéria?; quantas manifestações?;... Agora, finalmente, fez-se luz! Não importa quantos quadros da Administração já soçobraram; apenas uma convicção, isto agora é que vai ser “à séria”!

Assim, é ridículo!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Jornal Aberto (Out 2010), esdjccg

 

Uma Escola Nova

Passaram cem anos da Implantação da República!

(Implantação! Um termo bastante curioso para evocar um “portfolio” de acontecimentos provocadores de mudança na administração central do nosso país!)

Bem sabemos que cada tempo tem as suas mudanças, até, por Luís de Camões, o cantamos: Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

Muda-se o ser, muda-se a confiança;

Todo o Mundo é composto de mudança,

Tomando sempre novas qualidades.

E passado este tempo todo, vemos com muita satisfação o legado que nos foi confiado. Também houve dificuldades orçamentais, despesismo, “Velhos do Restelo”! Mas a confiança e as convicções, em épocas tão crispadas, sem a proximidade das tecnologias da comunicação, com menos saberes à distância de um “clique”, tudo venceram.

Hoje somos nós. Somos nós a quem se pede que mudemos vontades… tomando sempre novas qualidades!

A este número do nosso “Jornal Aberto” anoto o que escrevia há dias a todos os pais.

O que poderei acrescentar a essas palavras introdutórias da carta de 27 de Outubro?! Partilho-as neste espaço porque, acredito, podemos criar uma escola nova, alunos ainda mais formidáveis (que vão ser melhores pais, melhores professores, melhores profissionais), um país possível, um mundo sustentável. Porquê? Porque nós saber-lhe-emos disponibilizar “sempre novas qualidades”.

Reforço a nossa predisposição para acolher e conjugar esforços de maneira particular junto dos mais cépticos ou desinteressados. Porém, não posso, com igual motivação e interesse, deixar de sublinhar as ideias, as propostas, que muitos pais vêm fazendo para encontrarmos a unidade na diversidade. Bem-haja a todos pelas sugestões para sermos melhores; pela compreensão no que demora a estar melhor e, também, por incrementarem uma cultura de soluções – o mais difícil, estaremos de acordo, não é constatar a dificuldade, é, isso sim, encontrar respostas que satisfaçam todos.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

PL, in "Correio do Vouga" - 2010.10.26

 

O Estado… do meu umbigo!

Já não é a primeira vez que abordamos a “Questão do Estado”!

Porém, numa altura que colhemos os malefícios destas armadilhas que o Estado é, temos de rever o paradigma de organização das pessoas num determinado território. Entre imensos elementos de fundamentação desta ideia, recorremos a um artigo, de 2006, do Prof Boaventura Sousa Santos “a relação do Estado com os cidadãos é complexa porque, ao contrário do que pretende a teoria liberal, o Estado não reconhece apenas cidadãos, reconhece também os grupos e classes sociais a que eles pertencem. Como estes grupos e classes têm uma capacidade muito diferenciada de influenciar o Estado, a igualdade dos cidadãos perante o direito e o Estado é meramente formal e esconde desigualdades por vezes gritantes”.

As desigualdades gritantes é que desmotivam a nossa motivação.

Mas esta demissão, ou aparente desinteresse pelas matérias de todos, têm mais a ver com o posicionamento de cada um face ao bem comum (esse será o valor absoluto das organizações do Estado) do que da boa ou má gestão que se faz da “coisa pública”.

Quando Kennedy, no discurso da tomada de posse, em 20 de Janeiro de 1961, como que declinou o compromisso do país sobre cada um acentuando o que cada um deve fazer (não pergunte o que a América pode fazer por cada um. Pergunte o que é que cada um poder fazer pelo país) colocou a diacronia da história social e política num novo itinerário, num novo percurso, aquele que nos falta fazer.

O individualismo do momento esgotou energias, liquidou recursos.

Se não temos futuro de outra maneira, só falta unirmo-nos para traçar algo que nos dê dignidade e outra forma à nossa existência.

Só há um caminho, o de trabalhar de forma resoluta.

Como? Cinco passos para sairmos disto: Primeiro, retirar os olhos do umbigo!

Segundo, predispor-se a fazer o que menos custa para chegar longe: saber ler e saber mais!

Terceiro, escolher os que têm mais capacidade para governar!

Quarto, aceitar ser governado! Ter o direito de ter deveres!

Quinto, discordar mas nunca voltar para trás, isto é, abdicar de vencer os quatro passos anteriores.

É que isto que é de todos, é tratado (erradamente) como se não fosse de ninguém! E, se não conseguirmos ver o que ganhamos todos por trabalhar mais, por ser mais Estado, pelo menos tenhamos consciência do que perdemos todos ao fazer pouco.

Ao Estado queremos dar pouco e mal, do Estado queremos tudo, e do bom e do melhor!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

PL, in "Correio do Vouga" - 2010.10.12

Vencer !

Estamos no centro do mundo, mesmo no centro. Mas não somos o centro. Esta distinção é essencial para que não nos confundamos e, pior que isso, nos deprima fazendo de nós portugueses os periféricos, que nos faz andar à volta sem eficácia.

Portugal, cada um tem de ser Portugal, precisa urgentemente, mais do que pão para a boca, precisa ganhar. Ganhar, mais do que pão para a boca, porque senão obtiver vitórias nos desafios que tem pela frente, não há pão. Por conseguinte, ganhar será o recurso primeiro, só depois virá o pão. E temos tudo para o conseguir.

Podemos vencer lá, em Nova Iorque, nas Nações Unidas, pela capacidade de estarmos no centro das decisões, para ajudar a fazer pontes. A Assembleia-geral das Nações Unidas decide hoje, Terça-feira, por voto secreto, quais serão os cinco países que terão assento nos próximos dois anos, como membros não permanentes, no Conselho de Segurança. Portugal concorre para os dois lugares vagos no grupo da Europa Ocidental, numa disputa que conta ainda com as candidaturas da Alemanha e do Canadá. Para a maioria dos analistas, a Alemanha dificilmente perderá o lugar, pelo que a verdadeira disputa será entre Portugal e Canadá.

Queremos vencer lá, na Assembleia da República, com a aprovação de um Orçamento que não nos aniquile!

Claro está que temos de criar as condições para que isso aconteça. E essas, as condições, estão radicadas na profundidade do que e como somos. Porque temos tudo para sermos felizes aqui! Temos os elementos suficientes para ser mais: sol, água, ar, terra, massa cinzenta. E estamos no centro.

Ganhar já. E para ganhar é preciso ser educado! Educado para o rigor e para a verdade, já… a começar pelos que ainda podem ser educados!

A chave de tantos anos de atraso em relação aos nossos parceiros está nesta “operação educação”. No fundo, será apenas passar do quero saber para quero saber! Vencendo este , o do nosso atraso, o do nosso umbigo, o da crispação em brandos costumes! E quantos que há por aí fora.

Com isto, até podemos ganhar , na Islândia, no jogo de futebol de selecções nacionais.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

PL, in "Correio do Vouga" - 2010.10.05

100 anos de República

A República terá sido a maior conquista do Século XX Português? - claro, tanto a Primeira como a Terceira Repúblicas!?

Ao visitarmos os espaços da República, as suas ideias e ideais, as práticas, os resultados, o discurso, mesmo o que agora é re-escrito, ganha força a interrogativa inicial.

Nas comemorações do centenário da mudança ainda está muito por mudar, quase tudo por consolidar! É preciso fazer o que ainda não foi feito!

Uma outra “A Portuguesa” tem de ser escrita, reinventada. Apetece trautear Pedro Abrunhosa, olhando para o trajecto republicano português, sabes de mim, eu sou aquele que se esconde. Sabe de ti, sem saber onde. Vamos fazer o que ainda não foi feito. (…) E eu sou mais do que te invento. Tu és um mundo com mundos por dentro. E temos tanto pra contar(…).Porque amanhã é sempre tarde demais.

E pensar que se não fosse a República, seria muito difícil estarem aqui estas linhas…

As conquistas feitas, tanto em 1910 como em 74, quase que se podem resumir a mais liberdade! O que, só por si, é uma marca indelével. Porém, só isso foi insuficiente para ter esperança no futuro e ver cumpridas as promessas dos fundadores da mudança.

A República, sim, a forma de Governo de Estado que somos, mudou há 100 anos. E daí para cá, o Governo teve quase tantos titulares como aniversários! - Não deve ser fácil governar assim!

É caso para entronizar, entre os “nevoeiros” da nossa história, mais este: se há mistérios no mundo, o mistério português é um dos mais ilustrativos. Passados cem anos, ninguém diria que estamos mais velhos, mais sábios, mais… qualquer coisa! Mantemos a mesma tez, a mesma jovialidade, a mesma leviandade dos tempos iniciáticos: pobres, endividados, pouco produtivos.

Custando tanto a mudança, com o intuito de ser mais e melhor, porque é que, no centenário da expressão universal das liberdades, ficamos com o amargo de estarmos na mesma!?

Cuidem-se as feridas: intolerância, sobranceria, despesismo, anarquia.

Potenciemos as virtudes: cidadania, educação, igualdade, justiça (as nossas, como as da Francesa: liberdade, igualdade, fraternidade).

Vamos fazer o que ainda não foi feito!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

PL, in "Correio do Vouga" - 2010.09.29

O orçamento

Vamos lá começar isto do zero; o lugar onde estamos, afinal!

Se é muito rico, não precisa de grande orçamento. Se é muito pobre, nem tem orçamento. Se é remediado, esqueça o orçamento.

Chegados aqui, qualquer português está disponível para viabilizar um bom orçamento. O mesmo será dizer, aquele em que há verdade entre o dever e o haver, que não endividará os nossos bisnetos, que não hipoteca (sem capacidade de resgate) dedos, anéis, pulsos,…

Dito isto, estamos disponíveis para viabilizar, para aprovar, para defender sem quaisquer contra-partidas um documento que liberte o país da ameaça final, que é o mesmo que dizer uma Comissão Liquidatária.

E para fazer avançar isto rapidamente, as contas públicas teriam de ter em consideração a metodologia de orçamento de base zero – uma ideia apresentada pelo Bloco de Esquerda que deveria prevalecer na própria Constituição, dadas as dificuldades estruturais do país que se reflectem nesta fase do ano, todos os anos.

O Orçamento de Base Zero é um instrumento administrativo prático para avaliação das despesas, uma mudança substancial nos ajustamentos do orçamento à capacidade de recursos.

Como, normalmente, os Ministérios estabelecem os mapas de fundos em relação ao ano anterior, o que se gasta é tido como necessário. Ora com o Orçamento de Base Zero exige-se que cada rubrica seja justificada detalhadamente, em todas as dotações, devendo ser explicado onde e como vai ser gasto o dinheiro, onde se inclui análise de custo, finalidade, alternativas, medidas de desempenho, consequências da não execução, retorno do investimento, risco, como centralizar ou descentralizar as operações, alugar ou comprar bens e instalações, produzir bens e serviços, etc.

Como estamos, o que sucede no exercício mais micro e simplista do sistema? Se eu gastar pouco este ano, para o ano tenho o mesmo ou menos ainda! Portanto, quanto mais gastar, melhor! Literalmente é assim.

Vamos lá viabilizar o orçamento!

Eixos estratégicos a assumir: os serviços sociais (saúde, educação, justiça, apoio à infância e senioridade), comunicação, obras públicas, transportes, energia e dois pólos de desenvolvimento de ponta: turismo; ciência e micro-inovação.

Administração de empresas públicas em Comissão de Serviço (com vencimento base igual ao usufruído nos últimos dois anos, ajudas de custo, prémio de desempenho com tecto limitado), sem direito a benefícios para além do exercício do cargo.

Redução de cargos, encargos e serviços que não sejam auto-sustentáveis; Reestruturação Administrativa; Regionalização sem Câmaras; ….

Com um programa assim, corremos o risco de ganhar!

Por fim, marcar períodos específicos para publicar documentação sobre actos de governação. Nos intervalos de tempo, cada um trabalha e fala menos.

Tanto a floresta como a vida é mais difícil construir do que ser consumida!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

PL, in "Correio do Vouga" - 2010.09.22

Homenagem a todas as avenidas sem árvores

É muito difícil ver partir para sempre um amigo ou uma amiga de longo data. Por ser tão próximo, era quase familiar. Ainda éramos pequenos e já ali estava. Os anos passaram em nós, mas ele (ou ela) sempre pareceu imutável à… mudança!

E quando algo lhe acontece ou decidiram que tinha de acontecer, como tudo ficou diferente!? Até cada um de nós, por se sentir tão diferente e lutar contra todas as diferenças, acabou por cultivar a indiferença. Veio o desgosto, o sentimento de impotência por nada poder fazer para alterar o rumo do destino traçado!

Acontece isto com as pessoas. Sente-se o mesmo por um velho automóvel, por um animal de estimação, por uma estrada que rasga um bosque de árvores frondosas, por um ribeiro cimentado, por um braço de mar assoreado, por uma língua de areia saqueada,… por tudo, no fundo, que os sentidos fizeram parte de nós! Às vezes, até uma velha parede, mesmo em frente à janela que se abre para umas “águas furtadas” ou para uma viela sem luz, depois de derrubada, faz perigar qualquer coisa: porque transforma a penumbra habitual em luz excessiva que debota; porque expõe o que até aí era privacidade e recato.

Há sempre um desgosto na mudança!

Mas o que alimenta suculentamente a orfandade, quando algo se transforma na nossa melancólica monotonia, seja ela mais melancólica ou não, é a subtracção do certo e a multiplicação do incerto!

É terrível não se saber o que vem depois! É por isso, presumimos, que é mais cómodo, mais confortável, ficar no que está, no que existe.

Todos somos conservadores, portanto. Sim, todos. Até quem defende a vertigem da mudança sem mais, sem limites, torna-se conservador dessa mesma postura ou ideia!

Porém, é importante aceitar, que há sempre algumas razões para que as coisas se façam. Porventura!? Acreditamos que sim, que não se deve confundir a árvore com a floresta, nem a avenida pela cidade. Mas nem tudo pode aparecer, e parecer que surge, por geração espontânea, sem nexos causais. É provável que andemos todos na ilusão e, como tal, só alguns iluminados poderão fazer, por magnanimidade, que vejamos luz entre as árvores que morrem (de pé ou arrancadas à raiz).

Um dia chegará o momento em que todos viveremos num mundo perfeito!