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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Nem rasca, nem à rasca!

Apenas e só… ainda mais à rasca!

Nos anos noventa, do Século passado, bem se vê, a juventude veio para a rua. Veio para a rua naquela altura, como virá sempre que a rua falar mais alto… por falta de oportunidades noutros lugares e paragens.

Esse movimento, à época com laivos de escândalo, seria, porventura, entre nós, o primeiro “boom” de jovens com Cursos Superiores, Mestrados,… a não encontrarem o emprego que sonharam ao longo dos anos de Faculdade, do Ensino Superior. Entretanto, juntaram-se aos fundamentos da “arruada” o aumento das propinas, as reformas na educação,… tudo concorreu para a manifestação! E quando decorria o ano de 1994, Vicente Jorge Silva, director do Jornal Publico, ao referir-se aos jovens da altura como "a geração rasca", no célebre editorial, propagou ainda mais a ira da multidão. A designação deu uma exponencial projecção a tudo, ao ponto de se encontrar antídoto no epíteto contraditório de “geração à rasca”!

E têm existido alterações nestes indícios sobre a situação para as recentes e actuais gerações de jovens!? A resposta parece óbvia e não será positiva. Ao ponto de já nem rasca, nem à rasca!

Os jovens, a força, a criatividade, a inovação de um grupo, da vida, da sociedade, das instituições continuam a não ter lugar!

A chegar ao Natal de 2010, um estudo que corre o mundo aponta que os jovens enfrentam hoje o risco de um nível de vida pior que o de seus pais - 54% não têm projectos nem entusiasmo. Tão preparados e satisfeitos com a vida, e tão vulneráveis e perdidos, os jovens sentem-se presas fáceis da devastação do mundo do trabalho, mas não conseguem vislumbrar uma saída, nem combater esse estado de coisas.

Os sociólogos detectam a aparição de um modelo de atitude adolescente e juvenil: a dos nem-nem, caracterizada por uma rejeição simultânea ao estudo e ao trabalho.

Este comportamento emergente é sintomático, já que até agora era subentendido que se a pessoa não queria estudar, deveria trabalhar. Porém, agora, nem trabalho nem estudo; nem estudo nem trabalho! Haverá saída?

A crise veio acentuar a incerteza no seio de uma geração que cresceu no seio familiar de melhoria continuada do nível de vida e que foi confrontada com a deterioração das condições em que nasceu e cresceu.

As vantagens de ser jovem numa sociedade mais rica e tecnológica, mais democrática e tolerante, contrastam com as dificuldades crescentes para se emancipar, desenvolver e envolver num projecto de futuro.

Sendo o Natal tempo de olhar para as coisas simples, basta olhar ao redor. Ainda é possível! Tem de ser possível!

 

(PL, in "Correio do Vouga" - 2010.12.22)

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