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terça-feira, 2 de novembro de 2010

PL, in "Correio do Vouga" - 2010.11.02

 

Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay!!!

Os tempos que vivemos são mais importantes pela matriz que o calendário apresenta sobre os dias 1 e 2 de Novembro, com uma expressão generalizada na Europa a partir dos Séculos VII e VIII como dia de Todos os Santos, e , a partir do Século X, oficializado nos Séculos XIV/XV, o dia dos que “deixaram de exercer a sua função” ( terrena), os Fiéis Defuntos. Daí, fazermos esta ressalva no pórtico deste apontamento.

Mas estes dias, dando lugar à miscigenação de culturas, são precedidos pela noite do 31 de Outubro, o Halloween anglo-saxónico.

Terá origem no festival do calendário celta da Irlanda, o festival de “Samhain”, celebrado entre 30 de Outubro e 2 de Novembro, que marcava o fim do Verão (samhain significa literalmente "fim do verão"). Seriam festividades marcadas pelo druidismo; o conhecimento e uma certa religiosidade natural associada a interpretações da mutação e explicação das origens da vida. Com a Romanização, estas festividades tomaram como referência os ritos de passagem, da morte, associados aos momentos mais ocultos da vida.

O cristianismo redimensionou a evocação assumindo-a como vespertina ou vigília. Na tradução para o inglês, esta vigília (Vigília de Todos os Santos), traduz-se em “All Hallow’s Eve”, passando depois pelas formas “All Hallowed Eve” e "All Hallow Een" , que evoluiu para a expressão actual "Halloween".

E, mais para aqui mais para ali, retomou-se a associação aos druidas, ao misticismo da bruxa, da feiticeira ou feiticeiro!

Chegados a esta terra de gente séria, de Santos também, nada melhor que ilustrar o nosso sentir com recurso a Miguel Cervantes. Sancho Pança, escudeiro fiel do cavaleiro da triste figura, dizia ao seu amado mestre que "Yo no creo em brujas, pero que las hay, las hay..." (in El Ingenioso Hidalgo Don Quijote de la Mancha). O simples mas avisado Sancho tinha a convicção de uma coisa, não acreditava na existência das bruxas, mas temia a força desses seres das sombras.

Neste tempo de Santos, estamos quase que a retomar os sentimentos dos primórdios, e ficamos, graças às manobras do obscuro, sem confiança para poder por de parte “que las hay, las hay..”! É que o Santos de agora (chama-se Teixeira!) deixa-nos a todos num limbo entre a esperança de uma vida melhor (as promessas do Dia de Todos os Santos) que nunca mais chega e a perspectiva de não termos mais função aqui (passarmos a defuntos, no sentido etimológico!).

Não faltam avisos, evidências, que corroboram este sentir nacional. As circulares (plural, sim, são duas!) da Direcção Geral dos Recursos Humanos da Educação, que chegaram na noite de 29 de Outubro – como convêm às coisas tenebrosas! – são só mais um indicador da caça às bruxas! Não interessa se vem um, dois, três anos atrasadas as explicações pedidas ao tempo; quantas reuniões sobre a matéria?; quantas manifestações?;... Agora, finalmente, fez-se luz! Não importa quantos quadros da Administração já soçobraram; apenas uma convicção, isto agora é que vai ser “à séria”!

Assim, é ridículo!

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