Em frente, vamos!.

EM FRENTE, VAMOS! Com presença, serenidade e persistência, há boas razões para esperar que isto é um bem...

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terça-feira, 11 de março de 2014

Invasões e evasão

 

O cidadão comum – aquele cuja vida é orientada por processos simples alicerçados em valores, com olhar atento à realidade que o rodeia e participação ativa na transformação do mundo – fica estupefacto com estes movimentos de invasão; chegam a provocar urgência de evasão, de fuga do mundo – dando razão, porventura, mais uma vez, a Rosseau e à “teoria do bom selvagem”: o homem por natureza é bom, nasceu livre, mas sua maldade advém da sociedade que, com a sua presunçosa organização, não só permite mas impõe a servidão, a escravidão, a tirania e inúmeras outras leis que privilegiam as elites dominantes em detrimento dos mais fracos, reiterando assim a desigualdade entre os homens, enquanto seres que vivem em sociedade.

O cidadão comum compreende a antiguidade, com territórios sem Estado, construída ao fio da espada, de ambições tirânicas, sem uma organização e uma sociedade de nações, sem protocolos estabelecidos baseados na construção da paz e do bem comum!? O cidadão comum resigna-se perante as invasões helénicas (no século XX, a. C), dos Celtas (480 a.C.), do Império Romano (218 a.C.), dos Bárbaros (entre 300 e 800), das invasões muçulmanas (a partir de 711). Até compreende as invasões mongóis no oriente Japão (1274-1281)!

As invasões francesas e napoleónicas, do século XVIII-XIX, bem mais perto no tempo, como consequência da Revolução Francesa e início da luta entre a França revolucionária e a Europa conservadora levantam estupefação!

Mas passado este período, já cria assombramento como a opulência, soberba, cegueira e ambição desmedida de uns conduziram à Primeira Grande Guerra (de 28 de julho de 1914 até 11 de novembro de 1918).

E a Invasão da Polónia em 1 de setembro de 1939!? – assustador tanta semelhança com o tempo presente!

E as coincidências continuam! Quando um grupo de separatistas de uma província – uma província?! – resolve rebelar-se contra o governo central conduzindo à Guerra do Kosovo (24 de março a 3 de junho de 1999), à intromissão da NATO e à consequência geoestratégica que mais interessava à mesma organização, sem medir o alcance do disparate!

E depois surgiu a Guerra na Ossétia do Sul em agosto de 2008…

A Crimeia!

Com tantos cenários complicados de entender, num mundo que tem a Organização das Nações Unidas como “mesa” de encontro, o cidadão comum deseja a evasão! Mas para onde?

O mundo terá de cuidar do trigo e não perder a paz por causa do joio.

(in Correio do Vouga, 2014.03.12)

terça-feira, 4 de março de 2014

Crimeia

 
O traço comum (mais comum!) deste apontamento, desta nota semanal, tem sido baseado na atenção às situações de conflito ou geradoras de conflito. É verdade que há outros aspetos que consideramos mas, com maior frequência, olhamos para o mundo, para as  situações, os cenários, as ideias, as ações e protagonistas que podem ajudar, ou têm obrigação de ajudar, decidir sobre esta "casa comum", esta Terra que é a nossa casa, para que seja um pouco melhor para todos.
É preciso equidade, paz social, igualdade de oportunidades, solidariedade, e, superlativando, acima de tudo, vontade e determinação para atingir esta utopia: vivermos bem onde quer que estejamos com a diversidade que faz de todos a humanidade! Não deixa de ser verdade que esta reflexão é mais intencional do que real mas, recorrendo a metáfora, não podemos ficar calados, temos de agir; não podendo ir para a "frente", reforce-se a retaguarda. A melhor defesa é o ataque!? Então, até para defender o que há de melhor na humanidade é preciso atacar "se não puder voar, corra. Se não puder correr, ande. Se não puder andar, rasteje, mas continue em frente de qualquer jeito." - citando Luther King.
Os últimos temos na Ucrânia são conturbados! As tensões atingiram todos, quem esteve na Praça da Independência e quem esta pelo mundo a acompanhar, como filme, cenas de há cem anos - a evocação simbólica do ano em que começou a I grande Guerra.
A fronteira, aquele confim de mundos - significado de Ukraina  - pode abrir novamente imensas caixas de pandora com muitas Matryoshkas: o enclave geopolítico, entre ocidente e leste; a multiculturalidade inicial dos povos, na cultura, na religião, nas precedências seculares; a tensão do mundo entre pobres e ricos, entre oportunidades e oligarquias; o lado pior do ser humano!
A Crimeia é nome de muitas preocupações ao longo da história, de guerra também. Agora estamos - estamos todos- novamente lá, na Crimeia! Fez-se da Crimeia nome de guerra, ainda vamos a tempo de lhe dar um nome de paz?!
Será que o mundo não se farta deste carnaval?!
(in Correio do Vouga, 2014.03.05)





terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Dignitário no serviço aos outros

 
D. António Francisco foi nomeado pelo Papa Francisco para Bispo do Porto!
A sociedade aveirense manifestou elevada estima por este momento histórico na vida da cidade e da região, da Diocese também!
De todos os quadrantes – de todos não será, há sempre uma zona neutra, um pouco acinzentada que nunca está bem com nada nem com ninguém – surgiram manifestações públicas do reconhecimento do exercício do alto cargo e do título proeminente que representa ser chamado (eleito) para Bispo do Porto o Bispo de Aveiro!
O processo tem muitos meandros, desde a sucessão apostólica à separação da Igreja do Estado, da profundidade eclesiológica à luta pela dignidade humana, da compreensão do papel essencial da Igreja no seio da comunidade humana à laicidade do Estado e da Sociedade. Mas não há outros bispos que também são escolhidos e eleitos, outras pessoas que assumem cargos importantes?! Sim, claro. Contudo, este regozijo deve-se à pessoa e ao exercício do ministério que D. António Francisco dos Santos soube e sabe cumprir entre as pessoas, as instituições; a cultura e os métodos de inculturação que assume; a atenção e a compreensão que dedica; a vida que faz dom para os outros.
Teologicamente cumpre-se o que não temos memória, sendo assim a missão de um Bispo (de um missionário!) no ministério que lhe é confiado desde a era apostólica, VAI! - "quando os evangelizadores saem de Jerusalém, o Espírito assume ainda mais a função de « guia » na escolha tanto das pessoas como dos itinerários da missão. A Sua ação manifesta-se especialmente no impulso dado à missão que, de facto, se estende, segundo as palavras de Cristo, desde Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria, e vai até aos confins do mundo." (RM, 24).
Habituados a ver chegar para ficar, vemos D. António Francisco a partir! Aveiro torna-se ainda mais autêntica como comunidade evangelizadora!
Ora, "a comunidade evangelizadora jubilosa sabe sempre «festejar»: celebra e festeja cada pequena vitória, cada passo em frente na evangelização". (EG, 24).
Não faz sentido, por isso, que a afetividade humana tolde a dimensão universal da Missão.
Este é mais um passo evangelizador da Igreja de Aveiro!
Obrigado, D. António Francisco.
(in Correio do Vouga, 2014.02.26)








quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Infraestruturas de elevado valor acrescentado (IEVA) em Aveiro

 
Por despacho do gabinete do Secretário de Estado respetivo (das Infraestruturas, Transportes e Comunicações) foi constituído o Grupo de Trabalho para elaborar um relatório que consubstanciasse um conjunto de recomendações sobre IEVA quanto à priorização de investimentos para a Consolação e desenvolvimento das infraestruturas de transportes; eliminação de constrangimentos na rede de infraestruturas de transportes, apresentação de propostas de natureza não- infraestrutural que eliminem bloqueios e constrangimentos existentes nos setores dos transportes. O objetivo da missão deste grupo, tendo em consideração um horizonte de sete anos, visa definir um conjunto prioritário de projetos e recomendações que contribuam para potenciar a competitividade da economia nacional e do tecido empresarial, sem negligenciar a coesão territorial considerando as limitações orçamentais, a intermodalidade dos investimentos e o timing de execução.
O grupo, sob a presunção de ser a primeira vez que aconteceu algo do género – uma reflexão conjunta entre os vários atores que interagem nas áreas cooptadas – durante três meses desencadeou as metodologias necessários, nomeadamente 36 reuniões, como se pode ler no Relatório produzido e publicado.
O estudo aponta quatro domínios fundamentais: ferroviário (trinta projetos), rodoviário (vinte e três), marítimo-portuário (trinta e três) e aeroportuário (três).
A região de Aveiro é contemplada com algumas infraestruturas. Não é surpresa, dados os domínios. Inserida no “corredor-chave” das redes produtiva, económica e mobilidade do país (Setúbal-Porto), Aveiro estaria sempre em três domínios.
O Porto de Aveiro, as linhas do Norte e do Vouga, a ligação ferroviária para Vilar Formoso são prioridades!
Vamos acreditar que estes pressupostos, que já eram óbvios, serão materializados em projetos concretos.
E, a propósito destes, haja uma reabilitação urbana, cultural e empresarial de Aveiro; a circular externa de Aveiro, mobilidade sustentável, transportes urbanos e plataformas intermodais sejam reerguidos; apareça a ligação rodoviária a Águeda; os pórticos sejam eliminados (pelo menos desativados!); a Estrada Nacional 235 e a ligação sul de Aveiro às Autoestradas obtenham uma solução; terminem os bloqueios à EN 109, de Espinho a Calvão, sobretudo para a circulação de pessoas e veículos não poluentes; os acessos à Estação de Tratamento Mecânico-biológico vejam a luz do dia;… tantas oportunidades que não vão ser perdidas, adiadas, ignoradas ou pura e simplesmente embrulhadas nas teias da demagogia e populismo saloio!
As pessoas e desenvolvimento humano podem ser esquecidos nesta “frame” de infraestruturas?!
(in Correio do Vouga, 2014.02.19)