Em frente, vamos!.

EM FRENTE, VAMOS! Com presença, serenidade e persistência, há boas razões para esperar que isto é um bem...

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terça-feira, 20 de setembro de 2011

Este Jardim…?!

 

Visto do exterior, saxões, latinos, gregos, germânicos, turcos, eslavos, ficam confusos com o que se passa na edílica ocidental praia lusitana; a praia continental e as das ilhas adjacentes.

É muito provável que haja dúvidas de proporção.

Porque é que tão poucos e com índices de desenvolvimento tão baixos gastam tanto!?

E como se não bastassem as dúvidas quanto ao todo, o que pensarão sobre os “buracos” encontrados na Madeira?!

Aquele Jardim já não é o que era.

Mas a toponímia e antroponímia não deixa de suscitar algumas interpelações que podem ajudar à compreensão retrospectiva do que por aqui vai.

O território insular, socorrendo-nos de uma terminologia anglo-saxónica, denomina-se “Wood”; a ilha de “Wood” é administrada por um “Governador Local” de apelido “Garden”; o Chefe do Estado é o Senhor Silva, isto é, “Splinter” Silva; e depois de Sócrates, um apelido de renome, Portugal tem como Primeiro Ministro o Senhor “Rabit”.

Isto não parece abonar nada de bom para a Troika – outra coisa fantástica, de aparência épica, para completar uma paleta de mil cores?! Aliás, a Troika é que deve estar preocupada com tudo isto. Colocaram cá o dinheiro e não sabem que buraco é que taparam com esse “money” todo! Há por cá cada “hole” que, se estavam à espera daqueles do tamanho do do golfe,…bem os enganámos?!

É claro que isto foi um engano; andamos todos enganados.

Alguém acredita que as instituições que têm por missão conhecer, avaliar, regularizar, não sabiam o que se passa na Madeira, na TAP, na Refer, na RTP, na Estradas de Portugal,… como é que possível?!

Temos de dar a volta a isto.

(PL, in CV, 2011.09.21)

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Regresso das aulas

 

Chegaram os dias da penitência, qual cântico de imposição de cinzas, e ecoa um pouco por todo o lado; quase por todo o lado (famílias, facebook e outras redes, nas praias, a televisão, nas ruas,…). Afastam-se desta pesarosa melodia quase todos os que vivem um pouco da indústria Educação. Há outras formas de a ver, nos transportes, livrarias, papelarias, lojas de desporto, pastelarias, lojas de roupa, luz, gás, telefone,… são quase mil micro-empresas a trabalhar para que o país tenha um futuro melhor, promissor. Ainda bem!

Por aqui, no regresso às aulas, também encontramos bálsamo para as famílias que vivem preocupadas com a ocupação dos seus filhos.

Revisita a igualdade de oportunidades numa área tão nobre do serviço público, talvez das poucas em que todos sabem a solução e conhecem os direitos mas não descortinam, não vislumbram com facilidade os valores do dever, da equidade. A Escola já não mete medo a ninguém, ainda bem, sublinhe-se, mas poderia ser mais querida por todos. É curiosa a atitude dos “utentes”, hoje muitas vezes designados “clientes”, na lógica de oferta e procura, quando se dirigem a um hospital, finanças,… e quando procuram a escola!? Vale a pena estudar as reacções sociológicas!

Por fim, os protagonistas directos, os professores, os alunos, os assistentes técnicos e operacionais. Quase todos, porque é de trabalho que se trata, irmanam-se na penitência do “tem que ser”. Uns porque é um bem precioso, nos dias que correm, ter trabalho; outros, os alunos, porque é difícil entender no imediato a utilidade do longo prazo!

Porém, independentemente das expectativas, estão todos de regresso; começa novo ano. Deseja-se que, de novo, não tenha apenas o acordo ortográfico!

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Mercenário e desertor

 

O vocabulário bélico, com um sabor a Legião Estrangeira, apoderou-se do “fair play “ da selecção nacional de futebol.´

Como é do conhecimento público, o internacional português Ricardo Carvalho abandonou, sem explicação devida, a quem de direito, os treinos da selecção nacional. Posteriormente, Paulo Bento, o seleccionador, classificou a atitude como deserção.

Como não há duas sem três, Ricardo Carvalho ripostou aventando a hipótese do treinador, por este exercer o trabalho remunerado, poder ser classificado de mercenário.

O assunto morreu rapidamente; foi abafado por coisas sérias tais como a situação económica das famílias, agora que um ano escolar tem início.

Não queríamos deixar passar este episódio sem dar algum merecido ênfase à terminologia linguística em causa.

Sobre “desertor”. Parece claro que de desertor e de louco, todos teremos (hipoteticamente!) um pouco.

Ora, desertor é aquele que deserta. Isto é, provoca o deserto, o vazio, ou retira-se para um lugar deserto! – o próprio Jesus Cristo, ao ir para o deserto, acaba por ser um desertor!

Se Ricardo Carvalho deixou Óbidos para seguir para Madrid, tem toda a razão. Aquilo nos últimos tempos tem sido um pouco deserto! Se quis deixar o lugar para outro, facilitou o trabalho a Paulo Bento que já estava a preparar –lhe a travessia do deserto, isto é, viagem para o banco de suplentes.

O lado Mercenário do assunto. Em sentido estrito, é aquele que serve por dinheiro, um assalariado. Portanto, de Mercenário e louco todos teremos um pouco!

E, perante o estado a que isto chegou, poder ser mercenário é quase um acto heróico.

Ressalta à evidência que, em ambas as circunstâncias, o que faz uma ou outra situação ter uma leitura pejorativa é a falta de carácter, quer ao abandonar uma responsabilidade quer quando se recebe um soldo por algo ilícito ou demérito.

Não será menos importante considerar que a crise, que agora é económica e financeira, há muito que se instalou com anarquização e laxismo dos princípios e valores da vida pessoal e da vida em comum. – Na nossa opinião, este episódio, como outros, são relevantes disso mesmo.

(in Correio do Vouga, 2011.09.07)

terça-feira, 2 de agosto de 2011

DACL

 

Esta sigla tem colocado, nos últimos dias, a cabeça às voltas de muitos intervenientes no sistema educativo. Neste caso concreto, significa Destacamento por Ausência de Componente Lectiva; ou, por palavras mais comuns, o professor, funcionário público, não tem horário no quadro em que está, na escola ou zona pedagógica, para onde foi contratado.

Começa a ser evidente que o sistema educativo tem docentes a mais, face às condições estabelecidas nos últimos anos.

Mas o que é que contribuiu para isto? – perguntar-se-á

A primeira inferência situa-se na diminuição da população portuguesa, sobretudo dos nascimentos. Há vários anos que o Censos (ou até no dia-a-dia das nossas cidades, populações em geral) indicam este decréscimo. A década de 70 ainda foi relativamente disfarçada com os portugueses provenientes das ex-colónias mas desde 80 que era previsível este resultado, também camuflado por alguma imigração nos anos 90, mas quase sem expressão.

Portanto, não há crianças e jovens em Portugal para o sistema educativo (equipamentos e recursos) disponíveis, de maneira particular os docentes que entraram para os Quadros do Estado em finais de 90.

Acrescente-se a falta de rigor na planificação e na administração de recursos. Tudo isto funciona em sistema “gaita-de-foles”: quando aperto, apita; quando sopro, enche! Portanto, só “dói” quando se aperta. O que transforma o Estado em entidade pouco séria na gestão do presente e na projecção do futuro.

Segundo, as não-reformas não ponderam o futuro. Isto é, as medidas ministeriais vão-se sucedendo conforme a capacidade de endividamento da nação: há dinheiro? É um bodo aos pobres (e ricos!); não há dinheiro? Corta-se tudo a direito.

Depois, bem, depois ainda há que contar com o “tempo útil” para o exercício da profissão – com o aumento da idade da reforma para os 65 anos,… isto passa a ser uma escola de… bisnetos! (no que tem de bom e menos bom face á falta de paciência de uns e desgaste de outros).

As cargas lectivas e horas de crédito às escolas foram, até à Ministra Maria de Lurdes Rodrigues, de um despesismo confrangedor. E os resultados escolares mantém-se no mesmo nível: fraco.

Terceira ilação, perdeu-se o sentido da escola!

Durante praticamente os últimos cem anos, estudar significou um investimento para melhorar as condições de vida. Hoje, estaremos na fase intermédia, entre o “já não é isso” e “ainda não sabemos o que isto vai dar”.

O senso-comum nacional aponta para a escola como uma entidade séria, credível mas cujos membros estão descredibilizados. Não é preciso credibilizar a escola, sobretudo em autoridade! É apenas necessário que a vida seja credível com Escola! E aqui não abordamos a perspectiva da “Escola-Sociedade” em que tudo pode ser “espaço”, “campus” formativo.

Não seria possível “modernizar” (impelir, com referendo ou não, um outro avanço civilizacional) sobre os conteúdos programáticos; a inculturação local; a capacidade abstracta e lógica; a diferenciação positiva de apoios; a heterogeneidade de competências; a diversidade real de oferta educativa direccionada para segmentos profissionalizantes; dignificação do trabalho técnico (o de fato-macaco e mãos sujas!); qualificação para além do papel, lápis e… computador!

Quarta ideia, a avaliação.

A avaliação das escolas e dos professores dever-se-á fazer pela capacidade de uns e de outros melhorarem a didáctica e os “produtos”, sem quotas. Quem aprofunda, investiga, pratica uma didáctica com resultados de excelência (suportadas em regras claras para todos no todo nacional), tem de ser classificado de Muito Bom ou Excelente. Os professores avaliam diariamente. Imagine-se se, em Setembro, fosse decretado que os professores só poderiam atribuir 5 (ou 19 - 20) a 5% dos alunos; 4 (ou 16 – 18) a 20% dos alunos?! Quem confiaria na fiabilidade do processo? Seria viável?

Evidentemente que nunca ninguém confiou em sistemas pré-tarifados!? Num espaço educativo, a avaliação é melhoria contínua. Isto é, amanhã melhor que hoje, por etapas, até ao último dia.

Que melhoras se podem sentir num moribundo?! É necessário reformar qualquer coisa que seja Distinta (do que já foi feito), Aplicável (no tempo e recursos), Concreta (nos conteúdos), Longa (paciente no prazo de operacionalização). Isto é, verdadeiramente DACL.

Porém, a esperança é ténue; poucos querem que em Portugal haja uma reforma séria! – nem a que se tem direito (até agora!) por aposentação?!

(in Correio do Vouga, 2011.08.03)