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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Conhecimento, Emílio, Da educação e impunidades

 
A educação em Portugal – é deliberada, claro, a incoerência gramatical no uso da minúscula – volta a preocupar tudo e todos pelos piores motivos. Há dois âmagos de principal relevância.
Destaca-se, pelo impacto – provisório, logo se vê, mas intencionalmente estruturante -, a medida que preconiza os cortes na investigação científica, em particular nas ciências sociais e áreas de estudo preteridas, segundo os arautos da fundamentação arcaica, retrógrada, “cavérnica”, de pensamento revelador de procedimento pusilânime, as que não sublimam o “curriculum” de natureza industrial, muito circunscrito a finais do século XVIII, o liberalismo de  Adam Smith: o individualismo é bom para toda a sociedade, o ideal seria as pessoas resolverem livremente os seus interesses individuais. O Estado é que atrapalha a liberdade dos indivíduos. Para o autor escocês, o Estado deveria intervir o mínimo possível sobre a economia. Se as forças do mercado agissem livremente, a economia poderia crescer com vigor. Assim, cada empresário faria o que bem entendesse com seu capital, sem ter de obedecer a nenhum regulamento criado pelo governo. Os investimentos e o comércio seriam totalmente livres. Sem a intervenção do Estado, o mercado funcionaria automaticamente, como se houvesse uma "mão invisível" a acomodar tudo e todos. Ou seja, o capitalismo e a liberdade individual promoveriam o progresso de forma harmoniosa. Em suma, quem pode, pode!
O debate sobre o suposto caso das praxes, das que se falam (no ensino superior), deverá ser mais profundo; temos de colocar a reflexão muito mais a montante nos ritos de iniciação, inclusão e conclusão - nos infantários, nos vários ciclos de ensino (à entrada e, em particular, à saída, festas e viagens de finalistas) e, sobretudo durante os processos ensino-aprendizagem. É por isso, pertinente, recordar Emílio, ou Da Educação (a obra filosófica sobre a natureza do homem, de Jean-Jacques Rousseau, de 1762. Recordando, Rousseau aborda temas políticos e filosóficos referentes à relação do indivíduo com a sociedade, particularmente explica como o indivíduo pode conservar sua bondade natural (sustenta que o homem é bom por natureza), enquanto participa de uma sociedade inevitavelmente corrupta. No Emílio, Rousseau propõe, mediante a descrição do homem, um sistema educativo que permita ao “homem natural” convier com essa sociedade corrupta e corrompida de ética que privilegie o bem comum em detrimento do individualismo exacerbado e hedonista “ninguém toca no jardim do vizinho; cada qual respeita o trabalho do outro a fim de que o seu esteja em segurança” (Emílio).
A sociedade, fundamentalmente pela ação desestruturante da Administração do Estado, perdeu referencias de organização, método, responsabilidade e responsabilização pessoal e coletiva, correlação causa-consequência. Impunidade! E tudo indica que não batemos no fundo! Política de terra queimada?!



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