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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

46664


“4664” foi o número de prisioneiro de Nelson Mandela, desde o início da detenção, em 1964, até à libertação em 1990. Na Ilha Robben, Mandela foi o preso número 466, do ano de 1964, onde ficou durante 18 dos 27 anos que esteve detido. Entretanto "46664" surge como um ícone permanente dos sacrifícios que Mandela estava disposto a fazer pela justiça social e humanitária.
Nos dias que passam, enquanto o mundo presta homenagem a África do Sul celebra – por muito que possamos ficar surpreendidos na diferença, manifestar estranheza, porventura, trata-se de uma celebração contínua, típica dos países de África, da generalidade das tribos africanas – a África do Sul e toda a África celebra as diversas atitudes que o homem tem adotado frente à morte ao longo da história têm contribuído para formar um imaginário coletivo expresso através da elaboração de símbolos, atribuição de representatividade de alguns materiais ritualísticos e a incorporação de rituais macabros, no intuito de conduzir aquele que jaz de forma pacífica e livre de punições para além da morte. Assim, morrer não significa pura e simplesmente deixar o mundo dos vivos, e não se resume ao momento da passagem desta para outra esfera transcendental. Mais do que isso, é uma construção social que assume um papel de evento importante na própria existência do indivíduo, ainda que por vezes esse aspeto possa parecer contraditório, isto é, como o aprofundou com sentido antropologista Philippe Ariès, deve-se pensar na morte para bem viver.
A construção social continuará a exigir muito mais dos vivos.
Enquanto o mundo evoca Mandela, como refere Pulido Valente esta semana no Público (2013.12.08), convém lembrar que em 2013 a África do Sul continua dividida entre brancos ricos e pretos pobres, que sofre de uma criminalidade nos limites do intolerável e de uma epidemia de sida, que nenhum governo foi capaz de travar ou de atenuar. Com ou sem Mandela, não é um sítio recomendável.
Próximo de nós, há manifestações na rua contra a austeridade, o “Relatório Edite Estrela” coloca, na essência, a debate a dialética entre direito positivo e direito natural; a Ucrânia promove a “marcha de um milhão”; a Cáritas Portuguesa lançou, em Portugal, a campanha da confederação internacional "Uma só família, alimento para todos", que apela à erradicação da fome no mundo até 2025; o Papa Francisco afirma preocupado "Estamos perante o escândalo mundial de mil milhões, mil milhões de pessoas que ainda hoje têm fome. Não podemos virar as costas e fazer de conta que isto não existe. Os alimentos que o mundo tem à disposição podem saciar todos"!
Também é na vida que preparamos a morte, quando se completam 65 anos sobre a adoção – melhor seria a assinatura da assunção! – da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que delineia os direitos humanos básicos, proclamada pela Organização das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948!
Continuamos prisioneiros, seja ele qual for o nosso número!




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