O tempo está propício para banhos!
Verão, férias, descontração (apesar de toda a contração!), … o país, que pode, vai a banhos. Quem não pode chegar à beira do mar, fica pelos recantos mais próximos, pelos lugares aprazíveis que o tempo e a natureza, a criatividade local, os apoios comunitários, a ousadia dos atores foram dando escala, beleza, acesso, sustentabilidade.
Este apontamento centra-se na reflexão sobre os esforços continuamente feitos para que seja possível usar e fruir destes pequenos, e outros maiores, investimentos na vida.
Há diversas oportunidades exploradas e a explorar; umas e outras podem ser equipamentos que trazem conforto, bem-estar social - a corrente de pensamento e modelo socio-político iniciada no tempo da grande depressão, dos anos 30 do século XX, e desenvolvido no pós guerra, “welfare” e “welfare state”.
Com a generalização do conceito de cidadania, com o fim dos governos totalitários da Europa Ocidental (nazismo, fascismo etc.) com a hegemonia dos governos sociais-democratas e, secundariamente, das correntes eurocomunistas, com base na conceção de que existem direitos sociais indissociáveis à existência de qualquer cidadão, o princípio que todo o indivíduo tem o direito, desde seu nascimento até sua morte, a um conjunto de bens e serviços que deveriam ter o seu fornecimento garantido direta, através do Estado, ou indiretamente, mediante o seu poder de regulamentação sobre a sociedade civil, passou a ser algo que se pensava adquirido para sempre. Esses direitos incluiriam a educação em todos os níveis, a assistência médica gratuita, o auxílio ao desempregado, a garantia de subsídio mínimo de subsistência, recursos adicionais para a criação dos filhos, etc.
A realidade atual vem consumar o que vinha sendo discutido desde meados da última década do século passado: tudo a maré levou! Uma maré que se carateriza pelo poder da especulação do dinheiro em detrimento das pessoas.
Empobrecer, perder a dignidade pessoal e social, deixar de existir com direito a serviços suportados por quem mais pode e por parte do valor do trabalho, dos lucros e transações são cenários que não se devem admitir, nem com hipótese.
E neste tempo de esforço hercúleo não podemos deixar de associar, por força intencional na analogia semântica, todos os que também lutam por outro Beira Mar – emblema, ícone, bandeira, estrutura de formação desportiva e valores socias.
Empobrecer, perder a dignidade pessoal e social, deixar de existir… nunca! É preciso lançar o olhar para o clube e para quem luta por ele. Estas instituições fazem-nos comunidade, representação, coletivo.
A maré o trouxe, a maré… o pode levar!
(in Correio do Vouga, 2013.07.17)
Sem comentários:
Enviar um comentário