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EM FRENTE, VAMOS! Com presença, serenidade e persistência, há boas razões para esperar que isto é um bem...

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terça-feira, 27 de agosto de 2013

Quintas e leiras

 

Voltámos, depois da interrupção para férias do “Correio do Vouga”.

Neste regresso, como em todos os bons regressos, há um novo fulgor, a vontade renovada em fazer melhor. Olhamos para o mundo com esperança. Afinal, esse será o primordial objetivo das férias, do descanso.

É mesmo inevitável olhar para o mundo com esperança; o tempo é de desespero, de acusação, de sofrimento. Um país pobre que vê os seus bens a arder não pode ficar insensível ou na insensatez de ser discreto na hora da solidariedade. Cada um a seu modo, limitado porventura na amplitude dos meios que tem ao seu alcance para ser diretamente ativo, cada um e cada uma tem de procurar ser tudo para o bem comum!

Um outro aspeto a considerar nas férias, é o tempo propício para boas leituras: um livro, uma pintura, uma paisagem, uma obra de arte, um percurso, um momento, as notícias,… tantas leituras possíveis para ajudar a interpretar o nosso papel na história!

Sublinhamos ainda outro aspeto, que nunca é suficiente tudo quanto se possa dizer sobre ele, o desenvolvimento de Portugal.

Ao percorrer alguns trajetos interiores encontramos aldeias sem ninguém – uma constatação! É verdade que é verão mas pelo abandono de tudo há muitos verões que deixou se ser verão.

O que pode fazer um país que aponta novamente as suas sinergias para a agricultura, para voltar aos campos, à floresta, ao mar?!

A administração do território é feita em “quintas” – com aspas para vincar o sentido pejorativo da expressão. Cada estrutura da administração centra-se nos seus interesses particulares e nos dos seus sequazes. O bem comum é menosprezado.

A par com isto, vemos à volta e só encontramos pequenas “leiras” – pequenas extensões de terreno de tal maneira exorbitadas na sua importância que os proprietários julgam possuir ali uma fortuna. Mas sejamos justos. Estas leiras, para além de representarem sempre muito trabalho para as possuir, são o único bem que pode garantir um parco sustento.

Como voltar para a agricultura fora do Alentejo e do Ribatejo?!

Só com grande solidariedade entre todos os proprietários, dando escala ao pouco de cada um, só com menos exploração por parte do Estado (impostos, burocracia, planos diretores municipais pouco esclarecedores,…) é que se pode pensar em produzir para além da economia de subsistência ou extensão do conceito de horta urbana para o campo agrícola.

Como olhar para a floresta quando todos os anos, infelizmente à custa do sangue e suor de muitos bombeiros, é posto a nu a insipiente capacidade de gestão da mesma?

É preciso ver o país como um todo, nas suas realidades concretas. Aí ganha espaço o papel dos autarcas, dos que podem e devem ajudar localmente a governar o que é de todos.

É tempo de novas mentalidades, novos recursos com menos dinheiro. Para desenvolvermos os recursos que temos não os podemos entregar à especulação e sofreguidão da pasta de papel e da indústria do fogo… e ficar adiados entre “quintas” e “leiras”!

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