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quarta-feira, 12 de junho de 2013

Aliados naturais

 

O período que estamos a viver, acerca dos malefícios cometidos contra a “res” (“coisa”) pública, é algo impudente. Não há critérios sustentados nem sustentáveis, não há princípios minimamente ancorados no debate, na discussão de ideias para ganhar escala participativa, tudo é altamente mutável; participamos, por inação, na destruição de tudo o que faz ser um Estado: conjunto de instituições e serviços de harmonização e equidade social que regulam e apoiam o exercício da soberania e a consolidação de um território.

O que se vê no exercício da soberania? As funções do Estado estão a ser perigosamente conotadas, pelo poder Executivo e, indiretamente, pela base de apoio Parlamentar do mesmo, como veículos coercivos de expolição dos cidadãos: coimas, multas, autos, taxas moderadoras, emolumentos,… desacreditam-se as instituições, desativam-se os serviços, descredibiliza-se o serviço público, mata-se o Estado. Assiste-se à implosão.

Por que razão não atende o Ministério da Educação e Ciência às mais elementares recomendações do Conselho Nacional da Educação, OCDE, UNESCO,… em matéria didático-pedagógica? Isto é, o desenvolvimento económico esta intrinsecamente ligado aos índices de literacia, escolaridade e conhecimento.

Conseguiu-se essa coisa notável, vilmente notável, de descredibilizar as pessoas que tanto fazem para que o Estado cumpra os seus pilares essenciais: educação universal e plural, cultura e ciência. 

Até a greve parece ser algo que se deseja como maldito, proibido.

A greve é nas suas causas em consequências um apelo à consciência coletiva. No caso dos professores, nada que seja da sua responsabilidade ficará por cumprir, com grave prejuízo (tempo, vencimento, acumulação de serviço, serenidade, realização, família) para si próprios, sobretudo do tempo do silêncio – aquele em que no recato de sua casa permite criar, sonhar, planear, fazer auto crítica e auto motivação. Portanto, se fazem greve é porque têm consciência da  mensagem que é preciso anunciar: o futuro está comprometido. Para além do acessório, no serviço docente é feito sem planificação e objetivo pedagógico! A greve dos professores é também um grito para um rápido despertar de educadores e educandos, sejam pais, filhos, profissionais de qualquer área.

Está orquestrada uma mudança radical no direito das pessoas e das instituições: ter cidadãos preparados para responder às necessidades de qualificação do país, da sua sustentabilidade económica, social, ética.

A escola é um espaço didático de interação e aprendizagens, de realização serena e confiante. A escola não é um espaço murado onde uma mole de seres humanos coabita de forma mais ou menos organizada!

Os professores são os aliados naturais dos pais na educação dos jovens!

(in “Correio do Vouga” 2013.06.12)

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