Em democracia o poder do governo dos Estados, das Nações, o poder na Polis, na cidade, é do povo.
Nas democracias representativas os cidadãos elegem representantes em intervalos regulares, a quem confiam o governo de todos em ordem ao bem comum.
Este princípio fundamental de igualdade, mesmo com o debate aceso sobre a natureza e origem do poder, passando pela originalidade dada pela antiguidade clássica, com alguns cidadãos a serem mais iguais do que outros, assumiu particular destaque a partir do século XV.
Daí para cá aperfeiçoou-se, à custa de muitas diatribes e sangue derramado, um modelo menos mal.
Esta década de XXI tem despertado, sem ser necessário esgotar as causas, um novo interesse sobre a pertença do poder! Os movimentos informais de cidadãos vão ao encontro dessa preocupação: participar na construção do que é comum, da resolução dos problemas.
O partidarismo, em sentido pejorativo; as teias de interesses privados à custa do bem comum; as novas redes de interação e comunicação; a democratização do conhecimento – duas condicionantes e duas virtudes – provocam a motivação, o engenho e a arte. A voz dos cidadãos ganhou expressão, escala, sentido, profundidade.
O serviço público parece fixado em meros atos administrativos. A burocracia, a ferramenta útil que deteriorou as vantagens e transfigurou-se em monstro, ou seja, recorrendo a um previsível étimo derivado de “burrus” (usado para indicar uma cor escura e triste), voltou às origens!
Os problemas das pessoas e as ideias para o futuro emaranharam-se em complexidade.
Agora, quando se aproximam novos atos eleitorais, porque é que os cidadãos, desde o recanto mais remoto e simples à elite mais instruída, não dizem aos putativos candidatos o que querem para si e para os seus em vez de ser ao contrário (escolher de um menu proposto pelos candidatos)?!
Voltar à fundação: nós queremos isto! Quem oferece a melhor solução?
Mesmo assim, é garantido, ainda não é perfeito. Porém, será menos mal. E no dia em que o caminho é desviado do trilho,… rua! Venham outros.
(in “Correio do Vouga”, 2013.06.05)
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