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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Suspensos por ter

 
Possuir qualquer coisa foi desde sempre a ambição, legítima, do ser humano. A Terra, na sua amplitude, era um território e fonte de riqueza a explorar. Afinal, o Jardim do Éden estava ali! A questão fulcral de Carlos Mesters (Paraíso terrestre, saudade ou esperança?) poder-se-ia considerar uma longa metragem de saudade.
Como é reconhecida, a legitimidade em ter algo individual teve várias etapas, quadros reducionistas (longos períodos tudo era posso do soba, do soberano), até que as classes ficaram acentuadamente heterárquicas.
Hoje, a consciência do mundo (de quem a tem!) exige uma passagem de proprietário a administrador, um administrador justo, que respeita o património, em que haja a justiça distributiva e redistributiva.
É claro que o Éden está a revoltar-se! A “luta de classes” ganhou nova centralização: a revolta instalou-se dentro da própria natureza. Os elementos não poupam que tem ou quem não tem.
Até há pouco tempo, o que acontecia aos pobres e indigentes era visto com misericórdia, ativador de solidariedades sinceras e duvidosas, quase sempre alinhadas em interesses associados a golpes de marketing, sem com isso desconsiderar as migalhas que mitigam as necessidades de quem mais precisa. O impacto mediático é o outro nome da solidariedade.
A pobreza, a fragilidade, do mundo está muito perto de cada um. Assim, uma hecatombe em Nova Iorque é a mesma coisa que no Bangladesh! – não queríamos acreditar noutra coisa.
Apesar das limitações (e virtudes) do ser humano deverem ser tratadas por igual, somos levados a pensar que as variáveis estarão no pressuposto de quem nada tem nada perde, e os que têm alguma coisa perdem muito! Mas o estado dos Estados, muitas vezes acumulado em consequência da exploração selvagem, faz a diferença a favor do mais forte; até aqui, em estado de sobrevivência, como sempre, há senhores e vassalos?!
Seria extremamente vantajoso aproximar as distâncias – nada de novo, uma verdade de La Palisse (Senhor de La Palice) – para evitar as disparidades desta ordem. Mais equilíbrio nivelado por cima, por qualidade, ainda é possível.
Apesar de tudo, é sobre isto também que o mundo ocidental está à espera: que os povos dos Estados Unidos e da Alemanha orientem as escolhas (sufrágio eleitoral) para o seu futuro proporcionando líderes sensíveis à solidariedade social, à justiça social, evitando a exploração desenfreada.
Aguardamos suspensos… porque o pouco que a maioria tem, parece ser opulência (viver acima das possibilidades?!) aos olhos da minoria que possui tudo!
(in Correio do Vouga, 2012.11.07)









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