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terça-feira, 13 de novembro de 2012

A Convenção de Merkel


O cidadão comum não percebe onde está a verdade. Qual a mensagem libertadora da confiança agrilhoada!

Entre nós esteve uma Chanceler Europeia – sem qualquer veleidade, relembramos que esta designação, por ter uma inspiração clássica, terá tendência, face ao que está em desenvolvimento, a ser aplicada a todo o império.

Façamos um pequeno exercício de pesquisa livre…

Na Roma Imperial dava-se o nome de cancelarius a cada um dos secretários imperiais que se colocavam atrás das cancelas (cancelli) que separavam o público do recinto onde o imperador fazia justiça.

Em diversos estados medievais da Europa, o título de chanceler ou cancelário foi atribuído a altos funcionários da coroa, que desempenhavam funções semelhantes às dos atuais primeiros-ministros. O chanceler tinha, normalmente, à sua guarda o selo do Monarca, sendo responsável por selar, por a chancela, os documentos mais importantes do Estado.

Também em algumas ordens militares, o chanceler era o oficial mais elevado.

Atualmente o título de Chanceler continua a ser usado, com vários sentidos, em diversos países e instituições. Em alguns casos assume o papel de Imperador ou Chefe do Conselho. Quantos perigos nesta confusão de sentidos?!

Nada custa, portanto, aceitar o título imperial que a Alemanha deseja ver concretizado: uma Alemanha Imperial.

Este movimento da “Chancela”, entre outros incómodos, provoca dois motivos de apreensão porque reflete dois percursos encapuzados que veladamente estão a alterar, a subverter o rumo da história e das instituições europeias, transformando-se em autênticos embustes para os cidadãos.

O primeiro é o da credibilidade da ética política na construção da Europa, da União, dos Tratados. Serão verbos de encher!?

Onde está o Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança (Catherine Ashton)? E a Presidência do Conselho Europeu (Herman Van Rompuy )? E o Presidente da Comissão (José Manuel Durão Barroso)?! O vazio e difusão das competências deve-se a falta de consensos na concretização dos Tratados ou é intencional para dar espaço a este desvario?

A segunda questão é, para variar, sobre o esvaziamento de conteúdo substancial do quadro ideológico da Europa. Um Continente desnorteado, sem norte, cada vez mais nacionalista, longe das pessoas e dos seus problemas. A única medida de força está no dinheiro, no Euro, na desgraça do mesmo; nas Finanças;…

Num mundo cheio de informação, será à volta destas questões que se pode compreender porque é que não se consegue vislumbrar uma ideia, uma estratégia similar, para o futuro comum, entre a Convenção do Bloco de Esquerda, por exemplo, e a “Convenção” Merkel em Portugal. Estes dois “reencontros” são indicativos do que se passa hoje numa Sala de Aula: o professor, cheio de boa vontade, qualificação e zelo profissional; uma maioria de os alunos cheios de informação mas cada vez mais com menos sentido comum; do outro uma minoria de alunos pautados pela vontade e determinação na aquisição e desenvolvimento de conhecimentos, novos conteúdos, que habilitem para responder a um futuro melhor, mais desenvolvido, mais solidário, mais justo. Mesmo com recurso à formulação metafórica, não é percetível quem está a desempenhar o papel que serve melhor a todos. Não há comunicação, apenas monólogos irritantes!

Assim, … a caravana (apenas) continuará a passar! E em vez de evocarmos que o tempo das vacas gordas já foi, deveríamos estar empenhados em engordar as escanzeladas!

(in Correio do Vouga, 2012.11.14)

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