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terça-feira, 24 de abril de 2012

Liberdade: esperança ou resignação?

 

Comprometidos com a história, porque existimos, porque recolhemos os dados, analisamos, interpretamos, projetamos o futuro com base na investigação, não é aconselhável olhar para um acontecimento de forma acrítica ou evocar uma data por uma única conceção de história.

Esta nota introdutória, surge a propósito do 25 de Abril e das contradições “reinantes”, convém reservar, entre comas, a expressão reinante dado que vivemos num regime republicano.

O grande herói da revolução de abril foi o Povo Português. É sempre assim nas revoluções. A razão é muito linear, simples portanto. É o Povo, a massa anónima de pessoas (não acreditamos na força do indivíduo mas sim no poder das pessoas!), de famílias, de centros de cultura, de dinâmicas religiosas, cívicas, etnográficas; de impulsionadores de valores que servem a totalidade (mesmo quando passam, posteriormente, a ser “apenas” maioria) …. de todos os círculos da ação humana! Se o Todo não percecionar que há mais vida para além da acomodação exploratória ou persecutória do poder ou regime vigentes; e se, colocado em movimento a espiral de mudança, desses mesmos poder e regime, não houver uma convergência de vontades, nunca uma revolução o será. Passará à história como uma intentona, um atentado que foi aniquilado à nascença, por mais estragos que provoque. E as pessoas lamentarão o sucedido mas socialmente continuarão a censurar “quem não tem mais nada que fazer” – os autores dessa intentona ou atentado!

Após o momento do qual já não há retorno, que pode muito bem ser uma súmula de pormenores fraturantes com o passado vigente, expresso por símbolos ou representado por pessoas, então abre-se uma nova aurora de esperança.

Mais uma vez o Povo, em todas as suas representações, é determinante: valida ou condena. Esta é a linha ténue que separa o sucesso do fracasso, por mais preparada que esteja toda a trama. A adesão de um Povo é mobilizada pela alma e caráter de quem lidera o momento! E o sucesso provém de se perspetivar uma vida melhor. Isto é, em cada um pode aspirar de forma sustentada a passar de massa anónima a protagonista da sua própria existência. Isto tem um efeito catalisador, mobilizador de vontades, de triunfo da revolução.

Mesmo assim, pousado o pó do reboliço sobre a calçada ou caminho de cada dia, se não houver sinais de abertura à pessoa nas suas integridade e integralidade, todos podem achar que valeu a pena mas, na alma de um Povo, apenas resta a resignação sob o engano de quem constata que uma ditadura sucedeu a outra. Fracassa a revolução. Então, silenciosa mas constante, vai elevando-se a esperança que uma nova vaga emerja para derrubar os donos da mudança, afinal iguais a todos os outros… até na sede de poder!

É por tudo isto que já não há paciência, em nome da revolução, para quem quer alvorar-se em “dono do 25 de Abril”.

Para o perigos iminentes, deixem que os protagonistas da revolução acreditem que valeu a pena e ganhe alma o Povo português! Conquistou-se a liberdade, durante mais de meio século, sim mais de meio século, e agora faz-se perder a esperança.

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