Acompanhamos com interesse o debate e intervenção cívica protagonizado por cidadãos, a título individual ou por motivo orgânico despretensioso, o futuro do canal, nomeadamente do projeto que a Câmara Municipal de Aveiro quer ver concretizado através da construção de uma ponte pedonal sobre o Canal da Ria dito Central, por ser efetivamente, deduzimos que por falta de melhor toponímia, central na cidade e para os cidadãos.
Não nos vamos fixar nos pormenores técnicos da questão. Porém, também não queríamos deixar de fazer uma declaração de interesse sobre a matéria uma vez que comungamos da tese que aponta para a inutilidade de tal equipamento, localização nefasta, conjuntura inoportuna.
A centralidade do meio utilizado, do canal de comunicação é que nos prende aqui. O tempo mudou muito rápido, como insistentemente temos tentado trazer à reflexão. A democraticidade das sociedades e dos Estados está, praticamente em exclusivo, assente na capacidade e oportunidade de comunicação e debate de ideias, de teses, de políticas públicas e vida privada. Tudo o resto está condicionado ou perdido, por força das forças que sub-repticiamente se movem no mundo.
A informação, o debate, são as insígnias (não nocivas) mais poderosas que permitem mover vontades e decisões, são o canal verdadeiramente central.
Chegados a este ponto, merece particular consideração a pluralidade de ideias sobre o que se passa nas nossas cidades e territórios, nas decisões e governo das mesmas, e, determinante, quem paga uma má decisão.
Não consta que a surdez do decisor implique a cegueira dos contribuintes, sejam eles de que natureza forem, todas e a financeira também.
(in Correio do Vouga, 2012.0.31)
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