Num mundo cada vez mais ligado nas suas margens, por força da globalização, vemos construir pontes onde antes havia vaus inultrapassáveis.
O conhecimento ganhou escala, criou redes de complementaridade, e hoje juntam-se várias disciplinas para vencer o que parecia intransponível. As técnicas estão mais apuradas. Porém, como o saber ancião não perde atualidade, vêm sempre à memória os provérbios.
Com este tempo tão incerto é imperioso que sejam distinguidos os construtores de pontes.
Merecem particular relevo as mensagens do Papa Bento XVI .
A saudação aos povos do Extremo Oriente, na Ásia, que celebraram na passada segunda-feira o início do novo ano lunar, sublinhando a sua “alegria” nesta festividade, que ocorre num momento difícil. “Na presente situação mundial de crise económico-social, desejo a todos estes povos que o novo ano seja concretamente marcado pela justiça e a paz, leve alívio a quem sofre e que os jovens, em particular, com o seu entusiasmo e o seu incentivo possam oferecer uma nova esperança ao mundo”,
Criando pontes entre a humanidade, também é de elevado interesse a mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, instaurado pelo Concílio, no decreto Inter Mirifica. Bento XVI destaca o silêncio e palavra como caminho de evangelização. “O silêncio é parte integrante da comunicação e, sem ele, não há palavras densas de conteúdo” – sublinha o Papa. “Depois, na contemplação silenciosa, surge ainda mais forte aquela Palavra eterna pela qual o mundo foi feito. A questão fundamental - continua a mensagem - sobre o sentido do homem encontra a resposta capaz de pacificar a inquietação do coração humano no Mistério de Cristo. É deste Mistério que nasce a missão da Igreja, e é este Mistério que impele os cristãos a tornarem-se anunciadores de esperança e salvação, testemunhas daquele amor que promove a dignidade do homem e constrói a justiça e a paz. Palavra e silêncio. Educar-se em comunicação quer dizer aprender a escutar, a contemplar, para além de falar”
Por fim, a semana da unidade dos cristãos, que termina. É uma ponte, uma ponte longa que se vai construindo. É bom que o ser humano estabeleça o diálogo consigo e com os outros, melhor é com o mediador, que é o Soberano. No fundo, porque a oração é no todo também parte humana, esta semana é centro do diálogo de irmãos a pedirem ao mesmo Pai que acolha com generosidade as falhas uns dos outros e suscite a reconciliação quando e onde é necessária.
E numa semana assim, como em qualquer semana, a oração-comunicação é ainda tão insuficiente! Basta ver como a memória respeitável do povo arménio veio, pelos líderes franceses, provavelmente por um prato de lenteinhas, destruir a ponte que a Turquia, berço do Cristianismo também, vem construindo.
(in Correio do Vouga, 2012.01.25)
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