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terça-feira, 22 de novembro de 2011

Épico em memória da Função Pública

 

A poucas horas de o mundo saber que o Fado é património imaterial da humanidade; a poucos dias do país paralisar com uma greve geral; estamos, o Estado Português, todos suspensos sobre o futuro, a médio prazo - considerando, pela rapidez de decisões, que até Janeiro decorre um período de tempo mediano.

Será que os trocos do orçamento do Estado que garante as pensões a quem tanto já deu, na Solidariedade Social, no cumprimento das suas obrigações para quem trabalha para este cumpra a sua missão, a Função Pública, terá direito a mais uns euros ou a menos umas centenas de Euros?!

O discurso do Ministro das Finanças, no Parlamento, pré-anuncia tempos épico. Talvez cumprindo as premonições de Otelo, inspirado porventura nos clássicos evoca, aparentemente, a batalha das Termópilas, travada no contexto da Segunda Guerra Médica, que decorreu no verão de 480 a.C., no desfiladeiro das Termópilas, na Grécia Central - já, na época, era central. Ali, de acordo com a tradição veiculada pelo historiador Heródoto de Halicarnasso, 300 espartanos sob o comando de seu rei Leónidas, enfrentaram centenas de milhares de persas liderados por Xerxes, filho de Dario. Leónidas, sabendo-se perdido, teria ordenado a retirada dos não-espartanos, e, com 300 compatriotas, teria combatido o colosso persa.

A grande disparidade numérica entre os combatentes levou a que a batalha terminasse, aparentemente, com uma vitória persa - muito embora os Gregos, antes de serem totalmente aniquilados, tenham conseguido infligir um elevado número de baixas e retardar consideravelmente o avanço dos Persas pela Grécia. A intervenção dos Gregos, para além de os levar a morrer como homens livres, e não como escravos persas, foi decisiva para o futuro do conflito, pois atrasou o avanço persa por três dias (apesar que o desejado fossem 10 dias), assim permitindo a salvação de Atenas e, por conseguinte, da nascente Civilização Ocidental.

O desfecho das Termópilas tem causado, ao longo da História, a maior impressão a nas letras, nas artes, na política – como é confirmado agora!

O poeta Simónides de Céos escreveu o epitáfio, que foi colocado no local, «Estrangeiro, vai contar aos Lacedemónios que jazemos aqui, por obedecermos às suas normas.». Cícero transliterou para latim “Estrangeiro que passas, diz a Esparta teres-nos visto aqui jacentes obedecendo às santas leis da Pátria”. Luís Vaz de Camões, no último canto de Os Lusíadas, «Ou quem, com quatro mil Lacedemónios, o passo de Termópilas defende [...]»,…

O Ministro das Finanças, em 2011 d.C., declama, sobre a Função Pública, “à mui nobre e heroica função pública que destroçada – muitos a descontar pouco, que é tudo o que lhes resta! - e empobrecida, por nós, salvou Portugal das garras do défice” .

Os ecos, emocionados e mobilizados, poderão chegar em breve com sentida repercussão.

É que isto é demais!

(in Correio do Vouga, 2011.11.23)

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