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terça-feira, 24 de maio de 2011

O acampamento

 

As praças centrais das cidades, a começar em Madrid, e a estender-se pela Europa dão expressão aos ventos “suão” que desde o início deste ano abalam a bacia Mediterrânica e atingem o coração Velho Continente.

Se mais nada houver em comum – o debate sobre as origens das motivações já está lançado – há algo que é coincidente, a via de propagação da mensagem, da interpelação: as novas tecnologias da informação e comunicação! Ou seja, pensamos que já nem se poderá dizer “novas”; o meio está aí, disponível, assumido, assimilado.

Caminhamos assim, quem sabe, com contributos determinantes para a consumação da mudança, com a devida vénia ao Prof Jorge Carvalhais, ao revisitarmos a mesma sensibilidade literária que apresentou no último número do Correio do Vouga, incentivada pelo “Indignai-vos”, de Stéphane Hessel, que aos 93 anos, o herói da Resistência francesa, nascido em Berlim em 1917, sobrevivente dos campos de concentração nazis e um dos redactores da Declaração Universal dos Direitos Humanos, continua o testemunho impressionante de uma vida a erguer-se contra os perigos da inacção: «A minha longa vida deu-me uma série de motivos para me indignar».
Neste breve manifesto, para o facto de existirem hoje tantos e tão sérios motivos para a indignação como no tempo em que o nacionalsocialismo ameaçava o mundo livre. Se procurarmos, certamente encontraremos razões para a indignação: o fosso crescente entre muito pobres e muito ricos, o estado do planeta, o desrespeito pelos emigrantes e pelos direitos humanos, a ditadura intolerável dos mercados financeiros, a injustiça social, entre tantos outros.

Os “acampamentos da Europa” serão, porventura, um sinal exemplificativo do apelo de Stéphane Hessel, procurar no mundo que nos rodeia os motivos para a insurreição pacífica, pois "cabe-nos a todos em conjunto zelar para que a nossa sociedade se mantenha uma sociedade qual nos orgulhemos."

É que isto está a ser demais!?

(in Correio do Vouga, 2011.05.25)

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