As revoluções, que ao longo da história o conseguiram ser, poder-se-ão distinguir entre as que o foram e as nem por isso!
O termo, revolução, numa abordagem simples de compreensão dicionária, poderá significar grande transformação, mudança sensível de qualquer natureza, seja de modo progressivo, contínuo, seja de maneira repentina; movimento de revolta contra um poder estabelecido, e que visa promover mudanças profundas nas instituições políticas, económicas, culturais e morais. No fundo, trata-se de uma re-evolução, uma nova definição de orientações para a organização (macro ou micro) das sociedades.
Retomando a afirmação inicial, os movimentos de mudança são mesmo assim, movimentos; itinerários de denúncia, segregação, acepção orquestrada ou dispersa, assimilação,… até ao momento em que já não há retrocesso. Ergue-se uma nova ordem.
Por outro lado, há sociedades em que ainda não há Estado, vive-se em permanente segregação (de pessoas, organizações, serviços); por isso, haver episódios de sobreposição de vontades nem se pode falar em revolução, trata-se de mais um momento na evolução desses grupos; são as revoluções que não o foram mas, pela perplexidade e incómodo que provocam pontualmente, mais uma tentativa.
Entendemos que a “chuva miudinha” que se vai infiltrando nas sociedades actuais está a provocar todo o movimento típico de uma grande revolução – sublinhe-se que não são necessários elementos bélicos para as concluir com eficácia!
Está aí uma nova ordem, sem rosto, sem nome! Talvez com algumas faces (facebook, wikileaks,…): denuncia-se, segrega-se, dispersa-se, assimila-se,… quem vai erguer tudo o que fica destruído?
Estamos a viver episodicamente parte de um processo ou será o processo revolucionário em sim mesmo?
De uma forma ou de outra, apenas gostaríamos de não ficar no lado errado da barricada! Se assim for, quem acredita no Estado e no Estado de pessoas e para o bem comum terá de enveredar pelo movimento contra-revolucionário!
(PL, in Correio do Vouga, 2011.01.19)
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