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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A memória do tempo que não se perde

 

Estamos em campanha! Uma campanha em tantas campanhas…

A vida portuguesa está repleta de momentos do genro, quase que é uma permanente campanha. Desde a guerra nos Países de expressão portuguesa, às eleições para qualquer mandato; também é notório na memória a campanha do bacalhau, da apanha da azeitona, da batata, do milho, do trigo, das vindimas,… a campanha (da, outrora, semanal) lavagem da roupa suja!

Das campanhas militares pouco mais queremos trazer à colação do que a coincidência da intitulação (com o do livro “Memórias de um tempo perdido” de Manuel Pereira Martins, sobre a Guerra Colonial). O “pouco mais” está na natureza destas acções, o belicismo da vida e das suas consequências que marcam quem as experimenta. Campanhas passadas!

E no futuro, as campanhas que se aproximam, são bastante animadoras. Se levarmos a sério o que é necessário para a nossa subsistência, em breve estará na moda passar os fins de tarde e fim-de-semana no bucólico ambiente campestre. À cidade chegarão os odores frescos da terra e… dos fertilizantes naturais. Finalmente, as novas gerações aplicarão os conhecimentos adquiridos no FarmVille do facebook. Como se constata pelas notícias recentes, temos de importar mais de 60 por cento da carne que consumimos, deixámos de ter produção de açúcar e só há pouco tempo começámos a plantar olival. E temos de importar praticamente tudo o que consumimos em matéria de cereais, até mesmo para alimentar o gado nacional. Nos últimos dez anos, o défice da nossa balança comercial alimentar disparou 23,7 por cento. Estamos cada vez mais dependentes do estrangeiro para comer e, por isso, cada vez mais vulneráveis a uma escalada dos preços das matérias-primas alimentares como a que está a acontecer agora.

Uma campanha agrícola em massa está iminente. Será o regresso ao campo! O êxodo da cidade… para haver o que comer e, quem sabe, lavar uma simples peça de roupa num tanque da aldeia!

E entre as campanhas, passada e a futura, temos o presente!

Enquanto nos preparamos para escolher quem pode servir melhor o país como Chefe de Estado, à falta de ideias sobre o que cada candidato se disponibiliza para fazer por nós, Portugal, ficamos a saber o que os outros já fizeram ou não sabem fazer?! Esta campanha, a presente, é mais uma vez a síntese entre a memória do tempo que não se perde e o futuro que não deve ignorar a memória?! Entre a belicosidade das palavras e os episódios rústicos de lavagem de roupa suja, tentamos descortinando desenxabidamente qual o mal menor!

Vamos acreditar que o futuro é promissor! Novas campanhas virão.

(PL, in Correio do Vouga, 2011.01.12)

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