Em frente, vamos!.

EM FRENTE, VAMOS! Com presença, serenidade e persistência, há boas razões para esperar que isto é um bem...

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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

PL, in "Correio do Vouga" - 2010.09.08

Sexta-feira, 3

Há dias assim, negros.

A Sexta-feira, 3 de Setembro de 2010, deixará marcas na memória de muitos portugueses. Mais nuns do quem em outros, claro, como tudo na vida. Foram, pelo menos, três rombos significativos em alguns dos indicadores do nosso ser como Povo.

Pela manhã, dá-se início a mais um capítulo do “Caso Casa Pia”. Mais um capítulo porque, apesar de estar pronunciado como o epílogo, bem sabemos que não é assim.

É compreensível que sintamos um pouco de vergonha em todo o processo. Em cada atraso, em cada testemunho, em cada pessoa (vítima, arguido-acusado, advogado, juiz), todos sentimos que é um caso condenável. Nada se aproveita deste “caso”. Melhor, talvez seja aproveitável para percebermos como não funcionamos. É curioso constatar que, para relatar o que temos de pior, é necessário exponencialmente mais (tempo, páginas, meios) do que para falar do que podemos fazer bem!

É um caso condenável onde todos estamos condenados – pelo que não conseguimos melhorar!

Ainda a tarde ia alta e já a selecção de futebol de Sub-21 perdia com a Inglaterra.

Daí, não vem grande mal ao mundo, é jogo. Hoje ganha-se, amanhã pode-se perder. Tudo quase normal a não ser a demonstração de mais uma geração incapaz de se superar, de fazer as coisas bem feitas, sem despesismos provincianos, sem alma. Não foi este o jogo. Foi, aí sim, o desperdício, a falta de atitude noutros jogos e, não termos categoria para o futebol grego ou macedónio, revela-se a nossa desorganização, o nível inferior em que estamos.

Depois, chegou a noite! Mais um pesadelo. Mas, deste (quase todos) grupo de “rapazes” (incluindo dirigentes federativos), que estão neste propalado “Clube Portugal” (cfr www.fpf.pt), tudo é expectável. Cada um faz o que quer e, há anos, que vêm gozando com o pagode sem nenhuma consequência. Voltamos a lembrar o célebre balneário Clermont-Ferrand, em 18 de Novembro de 2003. Estavam lá, no onze inicial Moreira; Mário Sérgio, Bruno Alves, João Paulo e Ricardo Costa; Tiago e Raul Meireles; Quaresma, Hugo Viana e Cristiano Ronaldo; Hélder Postiga. A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) assumiu o pagamento dos estragos avultados no balneário da selecção de sub-21, em França, após o final do jogo, que garantiu o apuramento da equipa lusa para o Europeu da categoria. Amândio de Carvalho, vice-presidente, assumiu as responsabilidades por parte da FPF em comunicado enviado à vereadora do desporto da Câmara de Clermont-Ferrand, que tinha condenado estes actos dos futebolistas lusos, mostrando-se preocupada com o espírito destes rapazes, mas também dos seus responsáveis.

Estes mesmos, com ar convencido e vaidoso, foram, em 2004, aos Jogos Olímpicos de Atenas. E nada!

O que temos desta geração, a que deveria ser de renovação da esperança de sermos mais e melhor como país? Para já, nada! E, nesta Sexta-feira, 3, mostraram o que Portugal tem de pior quando não sabe estar nem tem categoria para ser: o provinciano convencido! Só pelo facto de ter um pouco mais de oportunidade de ganhar melhor a vida, chega a “aldeia”, julga-se coroado de rei, pensa que sabe e quer dispor de tudo!

Há entre nós (muitos!) dias assim.

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