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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

PL, in "Correio do Vouga" - 2010.02.24

Branqueamentos e branqueadores


Alegra, a quem se deixa alegrar – claro está! – passar pelo Alentejo, pelo Alentejo de maneira particular, e ver o cuidado com que cada fachada, cada muro, cada chaminé é aprimorado pelo zelo de quem vê (há muito!) na funcionalidade ambiental do branco uma oportunidade nos dias quentes mas também pela estética de uma paisagem cujas tonalidades da paleta mudam com as estações.

O branco em todo o seu esplendor – parafraseando outras citações de contextos mais eruditos!

O do Alentejo é, porventura, um dos branqueamentos mais apreciados.

Mas há outros brancos (o de pesar, em certas culturas) e as brancas – ai as brancas (e, porque não, ai as cãs)!?

O caso mais óbvio é o de um qualquer jovem estudante a quem, no momento decisivo de prestar provas, lhe dá uma branca. Profundamente desagradável. Pior ainda nas consequências, quando estas são nefastas para os objectivos em mente.

Também há o branqueamento com pesado sentido pejorativo. Essa perturbadora tentação de, através de gestos ou palavras, mascarar os acontecimentos autênticos com outros de menor elevação para desviar a atenção do essencial. São caso de estudo, talvez para o domínio do sensorial!

Aliás, neste contexto, uma palavra de apreço aos jogadores e equipa técnica do plantel sénior de futebol do Futebol Clube de Porto; o que já não é novidade!

Querendo dar um contributo de apaziguamento da ordem colectiva e chamar à razão quem está a perturbar o seu desempenho, reuniram-se, circunspectamente, em conferência de imprensa. Ambiente grave. Irritadiços. Pela voz de um dos seus capitães, olhos-nos-olhos, manifestaram a sua indignação aos atemorizados colegas Hulk e Sapunaru (que estava ausente, aos pontapés - na bola - noutras paragens).

Notou-se perfeitamente sobre quem o guarda-redes Nuno queria que se incidisse quando referiu “querem” (apesar do indefinido, percebe-se perfeitamente que era para colegas que, bem pagos - presumimos para jogar futebol, seguiram outras vias, as do soco e pontapé - com ou sem provocação, perderam a razão).

Compreendemos bem o plantel do FCP. Realmente os com aqueles gestos, os dois jogadores não só demonstraram falta de respeito para com os restantes colegas, como deram uma imagem muito triste de como se resolvem os problemas da instituição que deviam servir.

Esta repreensão pública culminou no jogo seguinte com todos os convocados a envergarem t-shirts alusivas aos visados, condenando a sua indisciplina, que não honra em nada o futebol e quem o paga, culminando numa grande exibição de como quem diz: “estão a ver? Não precisamos cá de gente como vocês!”

É com gestos destes, ajudando a perceber onde está o problema e como há solução que a mensagem passa: “independentemente da razão que nos possa assistir, nunca aceitaremos resolver uma asneira com outra asneira”.

Foi mais ou menos isto que todos percebemos, não foi?

Aqueles jogadores bateram mesmo, não bateram?!

Será que estamos perante um demagógico branqueamento! Os actos ficam “lavados”, impunes só porque há eventuais falhas no processo?!

É de muito mau gosto mandar o ónus dos problemas para rua; para a sublevação irracional das massas! Areia para os olhos!

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