O lugar venerável onde existimos
Sob o significado de “lugar venerável”, um espaço de grande amplitude, onde todos tenhamos lugar, ganhou, com a evolução semântica, a expressão de “templo”. Portanto, templo pode ser também, se o considerarmos, se o respeitarmos como tal, a arquitectura social que construímos. E cada estrutura (física) é sempre conservadora; porque conserva, protege da ruína, pelo menos.
Haverá lugar mais venerável do que aquele em que todas as pessoas, independentemente das diferenças (culturais, políticas, religiosas, étnicas, sociais), inter-agem?
Este lugar-comum, o espaço da nossa existência para ser de todos e funcionar para todos, com os mesmos direitos ,não pode ser alicerçado na dúvida, no cumprimento intransigente do que cada um tem por direito; há obrigações comuns para com a estrutura!
Assumamos, no entanto, que é necessário retocar a estrutura. Dar-lhe um ar mais moderno.
Vamos a isso…
Mas, é importante conservar o essencial, não?
Mexer em tudo indiscriminadamente é um perigo! Isto vai ruir!
Ah! Mas será que a opção não é mesmo essa, colocar tudo a baixo e construir uma nova estrutura, outra sociedade, um novo mundo?!
O que é que vai sustentar essa nova construção? Que alicerces? Que colunas?
Há por aqui algum desconcerto do Mundo, parece.
Sobre isso, deixemos que, esse “estorve antigo” (Camões) fale:
“Os bons vi sempre passar
No Mundo graves tormentos;
E pera mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só pera mim,
Anda o Mundo concertado.”
Pelo que lemos do Poeta, para os que acreditam no bem, está a chegar a hora de modernizar, modernizar mesmo, isto!
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