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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

PL, in "Correio do Vouga" - 2009.12.16

Roupa, feijão, atum, leite, arroz, azeite: é Natal?


A questão coloca-se porque, não há tanto tempo assim, também as amêndoas eram na Páscoa (e só aí), a consoada era no Natal! - a ordem dos factores é por consideração à importância dos momentos no calendário litúrgico!

Agora há de tudo durante todo ano. Mas há mesmo de tudo!

Imensas ondas de caridade invadem o nosso quotidiano. É a solidariedade do excesso perante a solidariedade da necessidade.

A solidariedade do excesso porque, enquanto a Ásia produzir em larga escala a preços acessíveis, não falta azeite, arroz, leite, atum, roupa nos armários que é necessário despachar para modificar (de moda) o guarda-roupa; enquanto a União Europeia incentivar ao abate de tudo o que seja sector primário para rentabilizar os investimentos em escala macro, haverá sempre, às portas de um Hipermercado qualquer quem se deixe sensibilizar no altruísmo perante a potencial necessidade. - como seria interessante essas grandes superfícies entregarem parte dos lucros para o mesmo fim, de forma selectiva, com critério, a instituições de comprovada eficácia?!

A solidariedade da necessidade. Há muita gente que precisa. Precisa de oportunidade de trabalho, de formação, de quem as ensine a pescar em vez de lhe dar o peixe. E há serviços e instituições que precisam; precisam de se manter activas nos horários, nas idades, na proximidade dos que mais precisam; precisam de ser criadas e mantidas; precisam que os seus profissionais sejam remunerados justamente.

Há amêndoas, bolo-rei, bacalhau (enquanto a Terra Nova der; a Noruega proíbe para poupar a espécie, isto é, para preservar as suas reservas económicas!),…

É necessária mais ordem no calendário: mais Páscoa e mais consoadas. Mais verdade pascal, que haja com verdade e sentido universal da justiça (também no uso e distribuição de bens), e mais consoada no Natal (do latim “ressonar em conjunto” e “reconfortar”, dependo do contexto).

Todos precisamos mais de justiça do que solidariedade!

O “die natalis” baralhou isto tudo; confundiu-se o dia de Natal!

O que deveria ser sinal de morte para o mundo e nascimento para o Eterno, passou a ser morte para o Perene e triunfo do acidental.

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