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terça-feira, 28 de abril de 2009

PL, in "Correio do Vouga" - 2009.04.29

Já não há gaivotas

Há trinta e cinco anos cantava-se… somos livres, livres como uma gaivota que voava, voava!

Recordando (Ermelinda Duarte): “Uma gaivota voava, voava, asas de vento, coração de mar. Como ela, somos livres, somos livres de voar.”

E passados estes anos… “vejam bem”(José Afonso) que (já) não há só gaivotas em terra quando um homem se põe a pensar!

E quando os homens e as mulheres se põem a pensar até questionam se ainda há gaivotas e somos livres!

Livres não o seremos.

São muitas as razões pelas quais condicionamos o nosso agir. Curiosamente lutou-se pela garantia de liberdades ideológicas, por novos quadros de valores, por novas referências de organização e participação das pessoas.

As ideologias dominantes asfixiaram-se em modelos e sistemas político-económicos. Uns morreram de forma natural (esgotaram-se rapidamente pela brutalidade que representavam), alguns foram mortos (pelos mais fortes e perspicazes) e outros suicidaram-se (deixaram de acreditar na viabilidade).

O que parecia eterno padeceu e finou-se por ser tão etéreo (no sentido de volátil)! Privatizaram-se os valores! E tudo o que foi privatizado, segundo a ideia de mercado livre, deu em falência!

A organização e a participação, por ser tão privada, conduziram ao relativismo. Este, por sua vez, acabou por entregar a participação a uns poucos – provavelmente os mesmos ou de índole muito próxima dos que destroem sistematicamente o que é duradouro e perene, como são a liberdade, a participação responsável, o compromisso, o carácter, a justiça, a equidade, a tolerância…!

Ao ouvi-los, parecem:

“Parecem bandos de pardais à solta, os putos, os putos. São como índios, capitães da malta, os putos, os putos. Mas quando a tarde cai, vai-se a revolta. Sentam-se ao colo do pai, é a ternura que volta; e ouvem-no a falar do homem novo. São os putos deste povo a aprenderem a ser homens” (José Carlos Ary dos Santos).

Depois da Páscoa sem Cristo, sem identidade, uma liberdade envergonhada! Usando as palavras do mais alto Dignitário da Nação, a propósito do 25 de Abril “Portugal encontra-se hoje dominado pelas notícias de encerramento de fábricas e de empresas. Centenas de trabalhadores são lançados no desemprego, pessoas que até há pouco tempo viviam com algum desafogo pertencem agora ao grupo dos novos pobres, há famílias que não conseguem suportar os encargos com as prestações das suas casas ou a educação dos seus filhos”

…Mas somos livres?!

1 comentário:

Anónimo disse...

A sociedade pode tirar toda a liberdade exterior de um homem, mas não pode tirar a sua liberdade interior. Por isso, cada um de nós é uma gaivota, livre para voar onde nos leva a alma.
Andrea