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segunda-feira, 11 de maio de 2009

PL, in "Correio do Vouga" - 2009.05.06

Há gripe na minha cidade


Tal como vimos abordando, esta “aldeia” global já cresceu muito. Continua global mas já não tem os valores da aldeia, “cidadinizou-se”! Agora tem mais “néons”, é mais “light”, anónima, veloz. Tem mais interacção, mais acotovelamentos, mais choques.

O caso é sério – como o são todos os casos sérios!

Na minha aldeia, quando alguém tinha uma gripe, abafava-se, abufava-se e abifava-se, três dias depois estava curado ou curada.

E se algum caso fosse mais difícil, ficava uns dias por casa, com umas poções e papas de linhaça, e também recuperava. Todos tinham o cuidado de zelar pelo que lhe fazia falta, com uma galinha ou suíno; pensava-se o estábulo; amanhavam-se-lhe os campos; preserva-se a distância para não haver contágio.

Agora parece tudo maluco!

Como somos toda parte de uma cidade global, andamos de avião, vamos de férias para longe, comemos, bebemos e respiramos artificialmente.

O meu vizinho, o da frente, foi há dias não sei aonde, e veio (ele, a esposa e os filhos) com uma gripe - uma simples gripe! Mas as autoridades vieram-nos buscar. Levaram-nos não sei para onde. Dizem que andam com uns “tapa-bocas”, são suspeitos de terrorismo sanitário.

Curiosamente, dizem que é a gripe A (se isto chega a Z!), a que já foi suína e das aves, a dos frangos ou lá próximo.

Bolas! Logo o que tínhamos como primeiro recurso de sustentação, lá na minha aldeia! Qualquer dia pega nos ovos, nas couves, nas hortaliças todas.

Isto de ser “cidade” ainda acaba por nos matar a todos! Só com uma gripe já ficamos assim…!?

Anda tudo louco. Até aqueles que, com uma falta de vergonha tal, nem sequer acham importante tapar a boca! É velho… “ou entra mosca ou sai asneira”.

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