O erro
Errar é humano – “Errare humanum est”, para ser mais erudito!?
Porém, o erro é relativo, logo se vê. Aliás, é sempre relativo para a parte favorecida e absoluto para a parte penalizada.
Porém, na nossa cultura, errar não parece ser algo humano; é algo de transcendente, de muito mais do que o ser humano pode alcançar, dado que se contempla mas não se altera, justifica-se a ele próprio e à sai existência.
Entre todos, parece que também nós, portugueses, somos um caso à parte. São tantos os erros das nossas história e cultura que o erro de agora é incomensuravelmente inferior ao do passado, recente ou longínquo. Ou seja, do erro ninguém foge, ninguém se liberta, ninguém é responsável.
A ratificar e/ou rectificar todos os equívocos e todos os erros da nossa existência é bem provável que, como poucos povos, voltaríamos, num mecanismo de regressão acelerado, aos primórdios da nacionalidade!
E, hoje, seríamos o quê?
Reino da Lusitânia?! Principado de Cale?! “Offshore” do Ocidente Ibérico?! Califado Olissiponense?! Tudo porque o erro e alguns grandes erros, em particular, nunca foram reparados! Apenas se encontram, para eles, plausíveis justificações!
É oportuno recorrer, a título de exemplo, a um breve excerto de Johann Goethe, tão importante como todos os outros: “é muito mais fácil reconhecer o erro do que encontrar a verdade; aquele está na superfície e por isso é fácil erradicá-lo; esta repousa no fundo, e não é qualquer um que a pode investigar” :
Pela introdução, logo se deduz que estamos a abordar o erro dos erros, aquele que mexe com a parte menos racional do ser humano, a parte sensorial e emotiva. O futebol! Porque o futebol é disso o maior exemplo.
Nestes tempos recentes parece óbvio que, numa organização decente, a final da Taça da Liga tinha de ser repetida. Só que, a partir do momento que isso acontecesse –seguindo a mesma regressão histórica - nunca mais acabaria nenhum torneio, nenhum campeonato, nenhuma final em Portugal! Por todo lado grassaria o argueiro no olho do parceiro!
Da confusão, transparece que, em matéria de correcção, confundimos o que temos de melhor (capacidade para reconhecer o erro) com o que deveria ser corrigido (é bem feito nós também já fomos vilipendiados), porque até o diabo pode citar as Escrituras quando isso lhe convém (William Shakespeare)!
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