O jeito e o pequeno favor
Estamos sempre preocupados com o que nos é próprio. Nomeadamente com esta coisa tão simples de fazer um jeito, dar uma mãozinha, fazer um pequeno favor.
Há duas atitudes culturais, muito nossas, portugueses, que na globalidade favorecem, estimulam, conduzem-nos para esse estádio transcendental, em que todos estão envolvidos mas há dificuldade, relutância em assumir.
A primeira das duas atitudes é a sociabilidade de proximidade. Somos um país pequeno, tudo é muito intenso e diferente em pouco espaço. Daí que consegue-se sempre uma proximidade, um parentesco, uma boa alma que dá um empurrãozinho na hora da dificuldade. Num hospital, nas finanças, numa empresa,… no leiteiro, no autocarro,…todos nós, no mínimo, solicitamos ao amigo, ao familiar “guarda um lugar para mim!”.
A segunda atitude reveste-se de contornos mais sérios e profundos, não gostamos muito de organização, de rigor, de dedicação sistemática. Isto não retira nada às grandes e aplicadas empresas, das quais, a mais conhecida, destaca-se a epopeia marítima e tantas epopeias que ainda povoam o entusiasmo lusitano.
Assim, não raro é constatar que, quando reunidos numa sala de espera, de muita espera, as atitudes mais comuns são, em primeiro, aguardar pacientemente acompanhado de lamentos sobre a lentidão de processos do serviço a que se acorre. Depois, enquanto se lamenta a lentidão, lança-se em redor o olhar e a atenção sobre as hipóteses de vir a reconhecer alguém! – hoje, esse horizonte de olhar tem como recurso o telemóvel! - “Se ao menos conhecesse alguém que me desenrascasse?!” Não tendo ou não querendo assumir o rigor das coisas, assumimos o jeito de contornar a dificuldade da coisa.
Portanto, o que soçobra em eficácia, sobeja em jeito e favor!
Em suma, na mesma sala de espera, já ninguém espera na sua vez mas segundo a hierarquização do “jeito”, da influência do conhecido, do amigo, do familiar, do companheiro, mas, apesar de tudo, ainda estão (quase) todos continuadamente à espera!
E com tanta proximidade, tanto jeito, quem continua à espera, nessa mesma sala, somos todos nós, é Portugal perante o mundo!
Estamos sempre preocupados com o que nos é próprio. Nomeadamente com esta coisa tão simples de fazer um jeito, dar uma mãozinha, fazer um pequeno favor.
Há duas atitudes culturais, muito nossas, portugueses, que na globalidade favorecem, estimulam, conduzem-nos para esse estádio transcendental, em que todos estão envolvidos mas há dificuldade, relutância em assumir.
A primeira das duas atitudes é a sociabilidade de proximidade. Somos um país pequeno, tudo é muito intenso e diferente em pouco espaço. Daí que consegue-se sempre uma proximidade, um parentesco, uma boa alma que dá um empurrãozinho na hora da dificuldade. Num hospital, nas finanças, numa empresa,… no leiteiro, no autocarro,…todos nós, no mínimo, solicitamos ao amigo, ao familiar “guarda um lugar para mim!”.
A segunda atitude reveste-se de contornos mais sérios e profundos, não gostamos muito de organização, de rigor, de dedicação sistemática. Isto não retira nada às grandes e aplicadas empresas, das quais, a mais conhecida, destaca-se a epopeia marítima e tantas epopeias que ainda povoam o entusiasmo lusitano.
Assim, não raro é constatar que, quando reunidos numa sala de espera, de muita espera, as atitudes mais comuns são, em primeiro, aguardar pacientemente acompanhado de lamentos sobre a lentidão de processos do serviço a que se acorre. Depois, enquanto se lamenta a lentidão, lança-se em redor o olhar e a atenção sobre as hipóteses de vir a reconhecer alguém! – hoje, esse horizonte de olhar tem como recurso o telemóvel! - “Se ao menos conhecesse alguém que me desenrascasse?!” Não tendo ou não querendo assumir o rigor das coisas, assumimos o jeito de contornar a dificuldade da coisa.
Portanto, o que soçobra em eficácia, sobeja em jeito e favor!
Em suma, na mesma sala de espera, já ninguém espera na sua vez mas segundo a hierarquização do “jeito”, da influência do conhecido, do amigo, do familiar, do companheiro, mas, apesar de tudo, ainda estão (quase) todos continuadamente à espera!
E com tanta proximidade, tanto jeito, quem continua à espera, nessa mesma sala, somos todos nós, é Portugal perante o mundo!
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