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sábado, 28 de junho de 2008

in Ecclesia, Julho 2008

As Jornadas Mundiais da Juventude e os jovens do mundo, um diálogo em vasos de barro


No jubileu Paulino, lançamos o nosso olhar sobre a seara pronta para a colheita e vemos quão frágil é o processo dialógico entre os jovens e a Igreja!

Todos os projectos grandiosos (devem) acabam por reflectir a marca do seu autor. Se esta afirmação é válida para os planos perecíveis é também perceptível no plano divino da salvação onde, acredito, se inscrevem as Jornadas Mundiais da Juventude que, pelo que é dado perceber, foram forjadas na audácia, vontade de Karol Woytila e do Cardeal Pirónio (Presidente do Conselho Pontifício para os Leigos) e na eficácia organizativa de D Renato Boccardo!

A finalidade principal das JMJ é colocar Jesus Cristo no centro da fé e da vida de cada jovem, para que seja o ponto de referência constante e a luz verdadeira de cada iniciativa e de toda a tarefa educativa das novas gerações. Todas as JMJ são como que um contínuo e permanente convite a fundamentar a vida e a fé sobre a rocha que é Cristo (João Paulo II, 8 de Maio de 1996, Carta do Santo Padre pela ocasião do Seminário de estudos sobre as JMJ – uma carta que vale a pena reler pela actualidade e actualização a que reporta).

João Paulo II encerra (no seu ministério e na cronologia da história) um período decisivo da humanidade. É facilmente constatável o segundo e é, provavelmente, mais difícil a hermenêutica do primeiro aforismo! A Igreja, no seu serviço pastoral com os jovens, viveu anos de ouro com as JMJ até 2002! Toronto foi efectivamente o ponto de viragem, o fim de um itinerário. Se, para os jovens comprometidos profundamente com Jesus Cristo (no Evangelho e no Magistério) o Jubileu de Roma (2000) foi o encerramento do último capítulo deste itinerário iniciado em 1984 (quantos e quantos atravessaram esses anos com o fervor apostólico da primeira hora!?), para quem viveu 2002 foi a conclusão, o epílogo da grande caminhada de fé e de vida! Depois, bem, depois “João Paulo II regressou à casa do Pai” ( foi com estas palavras que o Cardeal Leonardo Sandri, substituto do Secretário de Estado, anunciou o falecimento do Papa) e os jovens dos primeiros tempos regressaram também, por diferentes caminhos, a sua casa, depois de vinte anos pelos caminhos da Boa Nova (Cfr Mt 2, 12).

Todos, eu também, regressámos a casa à espera (na perspectiva da esperança esperante de Moltmann) de um novo apelo! Acredito, como no “Evangelho da Infância”, na submissão de quem regressa a “Nazaré” (cfr Lc 2), porque haverá um novo céu e uma nova terra, isto é, espera-se um novo ciclo, para já ainda indefinido no diálogo da Igreja com os Jovens-Igreja. No que diz respeito aos jovens que não são Igreja, comunidade dos baptizados, o diálogo afectuoso e profícuo passou a monólogo! A Igreja, não pela força dos seus argumentos mas pela inacção, indefinição, incongruência e laicização dos seus filhos perdeu a sedução!

E tudo aquilo que as JMJ de Paris (1997) indiciavam em França, veio a concretizar-se entre nós!

Nestes anos, em Portugal, perdemos oportunidades!

Poucos quiseram ver nas propostas nacionais e nos itinerários missionários e catecumenais o entusiasmo e exuberante energia dos jovens, a oportunidade de ser protagonistas na evangelização e artífices da renovação social (Christifideles Laici, 46).

Este tesouro (os jovens) que transportamos em vasos de argila, para que se veja que este extraordinário poder é de Deus e não é nosso (Cfr 2 Cor 4,7), ressurge como uma nova esperança no jubileu do nascimento de S. Paulo: nasceu no sucessor de Pedro, renasça no caminho de Paulo, a outra viagem!

Recorrendo à analogia com “concílio” de Jerusalém, acredito e espero que a JMJ de Sidney contenha uma nova esperança, um “novo mundo” no renascimento da Igreja na descoberta da generosidade e criatividade das JMJ como acontecimento que, dentro do itinerário normal de educação da fé, seja una manifestação privilegiada da atenção e da confiança que toda Igreja sente perante as gerações mais jovens, o futuro da Igreja e da humanidade.

E a argila transformar-se-á, com o calor do aprofundamento da fé e do lugar na Igreja, em vaso consistente, duradouro e belo!

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