Em frente, vamos!.

EM FRENTE, VAMOS! Com presença, serenidade e persistência, há boas razões para esperar que isto é um bem...

Páginas

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Natal 2007 - CV de 2007.12.19

O barro em que moldo o meu presépio!

O meu presépio é de barro!?
Outros serão de outra coisa qualquer mas também são presépios. E só por serem o que querem ser (moldados por dentro), por terem conteúdo, são um tesouro! Ao serem assim, são o divino na vida humana!
Sim, tenho ali um tesouro que é moldado em matéria frágil a que os elementos (água e fogo) e o oleiro dão forma e consistência!
Aquele tesouro é a redenção.
E eu quero acreditar que a "redenção", a salvação, segundo a fé cristã, não é um simples dado de facto. A redenção é-nos oferecida no sentido que nos foi dada a esperança, uma esperança fidedigna, graças à qual podemos enfrentar o nosso tempo: o presente, ainda que custoso, pode ser vivido e aceite, se levar a uma meta e se pudermos estar seguros desta meta, se esta meta for tão grande que justifique a canseira do caminho (SS, 1).
O meu presépio, perante outros presépios, não justifica a canseira do caminho? É claro que sim. Eu quero querer que sim!
Há outros moldes, há outros materiais, menos frágeis até, e aparentam (se é que não superam?!) ser a meta que me proponho alcançar com aquele frágil presépio de barro! Mas este é o meu.
O inerte barro, ganha outra expressão à medida que nele incide o reflexo da estrela. Uma estrela tão simples com tanto efeito que faz!?
Também sei que há outros luzeiros para presidir à noite, mas, no meu presépio, não conseguem ofuscar a estrela de Belém. – e no recato da sala chego a pensar quantas vezes se faz dela, da ideia da estrela,… acho que nem acredito!?... Não se pode fazer dela uma metáfora,… apenas para adornar esse acto fundacional da piedade: os pastores, os homens de boa vontade e os senhores do mundo são guiados por uma estrela!... Nesta perplexidade perante a inflacionatória acção profética actual, reconfortam-me as palavras vindas de Roma: “o momento em que os magos guiados pela estrela adoraram Cristo, o novo rei, deu-se por encerrada a astrologia, pois agora as estrelas giram segundo a órbita determinada por Cristo”! (SS, 5)
E como há boas razões para esperar que isto é um bem. Ali ouço a eternidade – quer seja na Apologia de Sócrates quer seja em Santo Ambrósio ou Santo Agostinho na Spe Salvi (10-12)!
Absorvido pelo Natal (nascimento) ali apresentado, a mim (que não sou pastor, nem rei, e talvez nem homem de boa vontade!) acabo por dar ao barro o valor que ele não teria se não tivesse o valor que lhe foi inculcado pela Redenção.
Como é valioso o barro do meu presépio, sem ele nem presépio teria!?
Também por isso, acredito que naquela matéria, o mutável é imutável porque são a mesma esperança: o Corpo do meu presépio onde radica a minha fé!
E quando vejo um presépio assim, chego a sentir, a perguntar-me,… que presépio sou eu?

Sem comentários: