Em frente, vamos!.

EM FRENTE, VAMOS! Com presença, serenidade e persistência, há boas razões para esperar que isto é um bem...

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quarta-feira, 20 de abril de 2016

Volátil: Brasil



O mundo corre veloz, volátil, e o que se comenta e fomenta previamente sobre os factos acaba por determinar a construção dos mesmos e, consequentemente, o seu desfecho.
O exemplo mais recente – que decorre! – é o que se passa no Brasil.
O Brasil está, em termos de Governo Federal, devido ao processo de destituição da Presidente, num impasse. Isto é, na verdade está sem Presidente (e o sistema é presidencialista!) e sem Governo, porque compete ao/à Presidente nomear o Governo.
A situação, no essencial tem a sua complexidade. Porém, resume-se a pouco: há vários processos à volta de corrupção e peculato (com nome de “arquivo” judicial “Petrolão”, Lava Jato”,….) que decorrem sobre muitas personalidades brasileiras, evidenciando empresários e responsáveis pela condução política do país.
Mais do que tudo o que se passa no Brasil, mais do que o essencial, é displicência não ver também a forma como as coisas são feitas. Porque à própria Presidente do Brasil, com ou sem razão (como toda a gente desconhecem-se razões substanciais) é movido este processo de destituição sem que ela esteja apontada em qualquer caso judicial ou outro. Aparentemente apenas pela forma – a gota de água?! Mas apenas a forma! – como terá protegido Lula da Silva ao querer nomeá-lo Ministro.
Foi? Não foi? Ao ver a forma (outra vez) como os deputados manifestavam o seu voto tudo parecia muito estranho, sem fundamento.
Esta volatilidade da verdade chega a parecer mentira! O que nos recorda Alberto Caeiro (O Guardador de Rebanhos”. In Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa):
Olá, guardador de rebanhos,
Aí à beira da estrada,
Que te diz o vento que passa?

Que é vento, e que passa,
E que já passou antes,
E que passará depois.
E a ti o que te diz?

Muita cousa mais do que isso.
Fala-me de muitas outras cousas.
De memórias e de saudades
E de cousas que nunca foram.

Nunca ouviste passar o vento.
O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentira,
E a mentira está em ti.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Offshore, of course!





É inevitável olhar para o tema (offshore)!
Contudo sentimos que é importante abordar o assunto sobre a perspetiva ética, em ordem ao bem comum.
Concordamos que o problema dos denominados paraísos (metáfora para designar onde tudo decorre na perfeição) dos “fora de costa” – expressão herdada do tempo dos corsários quando guardavam o saque em ilhas fora da costa para que não fosse facilmente detetável – é acima de tudo uma questão de solidariedade:
“Uma possibilidade de ajuda para o desenvolvimento poderia derivar da aplicação eficaz da chamada subsidiariedade fiscal, que permitiria aos cidadãos decidirem a destinação de quotas dos seus impostos pagos ao Estado. Evitando degenerações particularistas, isso pode servir de incentivo para formas de solidariedade social a partir de baixo, com óbvios benefícios também na vertente da solidariedade para o desenvolvimento” (Caritas in Veritate, 60).
Importa recordar que o assunto há muito tempo que tem sido tratado com singular relevância. Recordemos o que o Papa Bento XVI aborda a questão, principalmente na encíclica Caritas in Veritate (29 de junho 2009), onde elenca quatro elementos essenciais para superar a crise económica: a necessidade de mudar os costumes éticos, um novo governo no mundo das finanças, a promoção da justiça social e do desenvolvimento dos povos, e a necessidade de colocar as pessoas no centro do desenvolvimento.
Também o Pontifício Conselho “Justiça e Paz” numa reunião da ONU, realizada em Doha (Qatar) de 29 novembro a 2 dezembro de 2008, o Vaticano critica os chamados “paraísos fiscais” ou “centros financeiros offshore”, culpando-os, tanto de transmitir a crise como de ter causado o seu desenvolvimento, e indica como questões importantes: “o rastreio das transações financeiras, a prestação de contas das operações sobre os novos instrumentos financeiros, e a cuidadosa avaliação de riscos”.
Uma prova do compromisso de Bento XVI neste sentido é a decisão de aplicar a todas as agências da Santa Sé as normas internacionais contra a fraude e lavagem de dinheiro, instituindo uma Autoridade de Informação Financeira (IDA) projetado para monitorizar a implementação com um motu próprio, de 30 de dezembro de 2010.
“É claro” (of course) que isto (offshore) só existe porque não há vontade/capacidade de resolver a pirataria!
O que fazer? Começar em casa e no que está próximo!

quarta-feira, 30 de março de 2016

O sagrado e o profano





Várias “passagens” (os acontecimentos de Bruxelas à cabeça) estão a provocar espanto! Vê-las à luz de outra Páscoa tornará o assunto um pouco mais compreensível? “Algumas coisas são explicadas pela ciência, outras pela fé. A Páscoa ou Pessach é mais do que uma data, é mais do que ciência, é mais que fé, Páscoa é amor.” - Albert Einstein
Sente-se tanta interpelação, pura perplexidade, incredulidade:
Ter-se-ão invertido os papéis (desempenhos, princípios,…) na ordem das coisas? Poderá ser sinal de evolução, avanço da cultura e das civilizações, sinal dos tempos (de cada tempo),…?! Pode ser tudo e tudo ser muito bom! Porém, há duas questões fundamentais que continuarão a sê-lo (fundamentais): sobre a legitimidade do poder de ordenar? Qual é a ordem certa?
Partir da premissa que há lugar para esta discussão já é admitir outra coisa que não o caos, a desordem, a anarquia!
Portanto, assumamos que há uma natureza (com maiúscula para quem aceita ir além do imanente) que dá equilíbrio à vida de cada dia no seio do conjunto para que possa ser vislumbrado um fio condutor na procura da harmonia, da convivência da diversidade, no equilíbrio das espécies! E isto é sagrado!
Sim, o encontro do sagrado tem de ser fixado na busca da fraternidade, do amor (nas palavras de Einstein), como a Ressurreição triunfa sobre o calvário, os calvários em duas epifanias:
Sobre Bruxelas, com certeza um choque de futuro, recordando Alvin Toffler, se pensarmos como estados teocráticos lidam com a diversidade religiosa, cultural,… [Foi notícia em novembro do ano passado que a Arábia Saudita decretara pena de morte para quem usasse, transportasse, tivesse em seu poder a Bíblia?!];
Sobre o dia-a-dia, nestes momentos de matriz cristã em que até os Dias Santos/ feriados são repostos, o que é sagrado agora – logo agora!? – é o descanso, são as férias, é a viagem a fazer,… tudo o que é profano! Portanto, o profano, finalmente, consuma-se: confunde-se com o sagrado!
Teremos chegado, então, ao fim da história/parusia?!

terça-feira, 8 de março de 2016

A mulher





A evocação presente por um dia assinalado não é de aceitação incontestável. Há mulheres que concordam, há mulheres que discordam. Há opiniões divergentes e complementares nos vários espaços sociais. Contudo, continuam a existir desigualdades, o que nem é exclusivo ao 8 de março! Merece, no entanto, que sejam eliminadas todas as barreiras de discriminação negativa: as fronteiras que matam a dignidade, isto é, assumindo o pensamento de Kant (1724-1804), o valor de que se reveste tudo aquilo que não tem preço, ou seja, que não é passível de ser substituído por um equivalente. Dessa forma, a dignidade é uma qualidade inerente aos seres humanos enquanto entes morais e éticos. A dignidade é totalmente inseparável da autonomia para o exercício da razão prática.
Sem voltar à história (do dia) – já o fizemos outras vezes – enalteçam-se, neste, todos os movimentos que suscitam caminhos de aproximação, de encontro e reencontro que recuperam tudo quanto se é em sim mesmo (como o (i)mortaliza “O Que Tu És...”, de Florbela Espanca, no “Livro de Sóror Saudade") para transformar a realidade envolvente:

És Aquela que tudo te entristece
Irrita e amargura, tudo humilha;
Aquela a quem a Mágoa chamou filha;
A que aos homens e a Deus nada merece.

Aquela que o sol claro entenebrece
A que nem sabe a estrada que ora trilha,
Que nem um lindo amor de maravilha
Sequer deslumbra, e ilumina e aquece!

Mar-Morto sem marés nem ondas largas,
A rastejar no chão como as mendigas,
Todo feito de lágrimas amargas!

És ano que não teve Primavera...
Ah! Não seres como as outras raparigas
Ó Princesa Encantada da Quimera!...

(PS: a propósito deste dia 8 de março de 2016, sugerimos uma visita ao trabalho da Lusa sobre os dados do portal estatístico Pordata, da Fundação Francisco Manuel dos Santos)