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sábado, 30 de maio de 2020

Sensatez, proximidade, sobrevivência: Avenida Lourenço Peixinho

in Diário de Aveiro, 2020.05.30


OLIVEIRA DE SOUSA - Aveiro
No essencial, este é um assunto válido para qualquer cidade ou ponto do país. Contudo, é a Aveiro e pelos aveirenses que me dedico. Se houver – acredito que haja! – situações idênticas (obras não-essenciais para o tempo que estamos a viver), sou determinantemente contra.
O que está em causa? – atendendo ao espaço de um artigo de opinião.
Avançar-se com a requalificação da Avenida Lourenço Peixinho ( “a Avenida”), nesta altura, é a tempestade perfeita! É uma asneira de todo o tamanho. Uma insensibilidade reiterada; uma insensatez.
Ir para a frente a qualquer custo, não é forma de gerir o que é de todos. Portanto, servirá, sobretudo, para esvaziar o que ainda resta e resiste! Será para mandar embora todos os que ainda podem sobreviver no comércio local.  Propiciará as condições para pôr o edificado e o comércio a saque da especulação - quem não pode suportar estes embates financeiros, ao sentir a “a corda na garganta” entregará o que é seu por um prato de lentilhas.
Ainda a lutar contras as incertezas, o comércio local e serviços d’ “a Avenida”, como por todo o país e por todo o mundo, têm urgência em reergue-se, em reabrir, em retomar os seus postos de trabalho, … em sobreviver à pandemia!
A procura vai tardar em chegar aos níveis anteriores, não só por causa dos cuidados e falta de disponibilidade financeira interna, mas também por ausência do factor – âncora, que é o turismo. Os apoios são sempre exíguos quando não há vontade de os facultar ou quando a dimensão da necessidade é incomportável para mais.
A uma pandemia não pode suceder-se outra; no caso, evitável: a das obras inoportunas.
E, recordo, as boas práticas sobre a revitalização de ‘Espaços Centrais’ das cidades apontam para a necessidade de intervenção, equilibrada e em simultâneo, em quatro dimensões: organização, desenho urbano, promoção e restruturação económica. É sublinhada a necessidade de uma estrutura de gestão a tempo-inteiro e de uma parceria público-privada forte, e que a par de uma gestão robusta, de uma promoção eficaz e de um compromisso com o desenho urbano se promova a preservação histórica. São, ainda realçadas enquanto funções de gestão - de intermediação mais pragmática - a identificação de comunidades de interesses (entre promotores, consumidores e utilizadores) e a oferta de formação e de assistência técnica.
Há obras que, por mais expressão que possam ter, neste momento apenas podem ser adiadas para não perturbar (ainda) mais a recuperação económica do comércio local, para dar tempo a que as famílias, os gestores e colaboradores das micro e pequenas empresas retomem, no meio da incerteza do tempo que vivemos, paulatinamente a confiança e recuperem minimamente a saúde financeira.

 

Manuel Oliveira de Sousa
Presidente do PS-Aveiro
Vereador na Câmara Municipal de Aveiro

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