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terça-feira, 7 de abril de 2020

Agora e depois disto


in Diário de Aveiro, 2020.04.07


OLIVEIRA DE SOUSA - Aveiro
É inevitável permanecer no assunto que nos envolve, prende, isola: a pandemia covid’19. É essencial enfrentar este estado que nos suspende, e enfrentá-lo como protagonista, como primeiro na ação.
1 - Basta estar em casa, mas não basta!
A responsabilidade na ação, para a grande maioria dos cidadãos, é estar confinado no amplo espaço que cada um elegeu como seu, como reserva à vida no espaço público e meio físico: a sua casa! Fácil.
Na tempestade que atravessamos, numa outra metáfora caraterizadora desta fustigação viral, para não se recorrer a comparações bélicas convencionais, todos sem exceção são potenciais vítimas, mas também inesperados heróis na frente onde cada um e cada uma é mais ativo. Por isso, faça-se! Mas o que sabe fazer bem - sem ser medíocre. Não se esconda; não assobie para o lado; não se distraia do essencial; não recorra a manobras sisífias. Assuma-se! - com humildade e concreta solidariedade.
Apoie quem decide e quem faz. Ouça o clamor de tudo e todos os que o rodeiam, sobretudo de quem mais precisa, decida e faça!
Quem não tem a ousadia de ouvir e cuidar, perde-se. Depois, só por truques ou malabarismo é que recupera.
2) E preparar o futuro.
a)          O mapa dos estragos. Só podem ser contabilizados, com algum realismo, na bonança. Porque a noção dos danos nunca é exata durante a tormenta; a qualquer momento sofre alterações. É um ponto fundamental. Tanto mais que muito do que se expressa nesta altura, com vontade de, aparentemente ganhar alguma notoriedade, é feito através das redes sociais. E essas… quem lança a alma, o melhor de si, na “ventoinha” da internet, corre o risco de nunca mais conseguir apanhar os estilhaços.
b)          Recuperação económica. Não recuperamos nada nem ninguém com mecanismos baseados na austeridade, coartar direitos, nivelar por baixo, reduzir o valor do trabalho; com o aniquilamento dos mais pobres, dos parcos recursos dos que menos podem, com uma economia de exclusão e de desigualdade social (“esta economia mata” – diria o Papa Francisco, em 2013).
Uma economia (de solidariedades) requer a combinação equilibrada entre o mercado, como instrumento principal de coordenação e organização dos fatores produtivos, como representação e organização política e institucional da sociedade, e a iniciativa colaborativa dos cidadãos livre e voluntariamente associados em múltiplas formas de ação, para promoção de interesses comuns – definição política do Partido Socialista. Vislumbra-se, neste sentido, uma única via (palavras do Conselho Europeu): seguir uma estratégia comum em espírito de solidariedade. Investimento, reestruturação dos mecanismos de produção, desenvolvimento sustentável com novas profissões.
E a nível local, será premente potenciar atividades promovidas pela economia social e solidária (também!), que criem emprego e rendimento e deem respostas claras a alguns dos principais desafios da sociedade. Como as pessoas são o princípio destas políticas, a economia social e solidária é um instrumento de coesão social e de luta contra a pobreza e empobrecimento. Respeita e valoriza a diversidade ambiental e promove um mundo mais justo e mais digno. É relevante considerarem-se os impactos do terceiro setor; a (re)organização de cooperativas e associações de desenvolvimento local, cultural, desportivo, indústrias criativas…; mutualidades; instrumentos de habitação acessível; planos de apoio ao comércio local; definir o teletrabalho; integrar a ciência, a cultura e as artes como criadores da mudança social e económica.

Manuel Oliveira de Sousa
Presidente do PS-Aveiro
Vereador na Câmara Municipal de Aveiro

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