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domingo, 4 de novembro de 2018

A missão social e inter-geracional da Escola



M. Oliveira de Sousa
A ideia de escola há muito tempo (felizmente!) que deixou de ser um espaço espartano para habilitar as crianças e os jovens para a disciplina que a vida adulta exige, ou seja, a escola chegou a ser considerado como o trabalho das crianças e jovens que quanto mais aborrecido melhor porque ficariam preparadas para alguma literacia e, sobretudo, interpretar e cumprir ordens. Também evoluiu o currículo. Já não é aceitável a instrução para corresponder à indústria, agricultura ou mercado de trabalho dos contextos onde está inserida.
A escola do século XXI é partilha de experiências de vida, é diálogo de culturas, abertura ao conhecimento, às artes, ao mundo. É laboratório de ideias, de projetos, de desenvolvimento socio-económico. É trabalho colaborativo de matiz plural. É o início de um novo compromisso social.
O Estado Social ou Estado-Providência representa uma conquista histórica e um pilar indispensável da democracia e do desenvolvimento. A sua forma não é estática nem imune à crítica, antes carece de profunda reorganização, à luz dos novos desafios colocados pelas economias e sociedades do nosso tempo. Por isso, as políticas e os serviços públicos são essenciais ao desenvolvimento e à promoção da coesão social, em diferentes áreas, com particular destaque em setores como o da educação.
A educação é o primeiro motor de desenvolvimento humano – dizem todos os relatórios de organismos internacionais, como por exemplo o do PNUD. Por isso, é imprescindível, para haver desenvolvimento, uma rede sólida em serviços básicos para o desenvolvimento de um determinado território – tenha ele a dimensão que tiver (um continente, um país, um município, uma freguesia).
A dimensão social da escola assenta em três pilares essenciais: autonomia, projeto educativo (mensurável), sustentabilidade (humana, financeira,…). E concretiza-se num diálogo inter-geracional (pais, professores, alunos, avós, netos, antigos alunos, parceiros educativos – empresas, fornecedores, comerciantes locais) com toda a comunidade educativa (associações, clubes, grupos culturais, sociedades musicais, projetos de património local).
Uma escola com autonomia (no âmbito do regime jurídico de gestão e administração das escolas) nunca perde alunos, nunca se esgota, é a maior fonte de revitalização de um território, de uma comunidade: é um organismo (vivo, portanto) durante todos os dias do ano!
A construção de um projeto educativo ao nível municipal, que defina a vertente educativa do projeto estratégico de desenvolvimento local, e o sentido da ação educativa do município e o seu modo de se organizar e de encontrar soluções próprias para a especificidade da sua realidade, é essencial quando um município reconhece a importância da educação no desenvolvimento do seu território.
Este referencial de gestão estratégica da educação ao nível local tem que envolver a visão de todos os intervenientes no sistema educativo: designadamente as autarquias locais e as escolas, articulados com todo um conjunto de parceiros: famílias, tecido empresarial, associações sociais, culturais e desportivas, cidadãos - com todas as oportunidades de educação não formal e informal, que são proporcionadas por todos os espaços do território e da vida das pessoas e das comunidades.
Quem quiser matar uma comunidade, comece por fechar (de supetão ou à mingua) a sua escola.
(in Diário de Aveiro, 2018.11.04)

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