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segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O Estado que não serve

 

Em regra estamos, as pessoas, sempre insatisfeitas! Não é necessariamente mau que assim seja!

É desejável que haja participação, preocupação com o que é comum e com o que, mesmo individual, é parte da comunidade humana que construímos, somos parte e corresponsáveis; e somo-lo em praticamente tudo – mesmo quando o individualismo, alicerçado numa interpretação errónea do “carpem diem” de Horácio, conduz à “satisfação do umbigo” sem haver compromisso com nada! Como é sabido, o poeta latino incita Leuconoe a colher o melhor do dia nas variantes do epicurismo e do estoicismo. Portanto, não é um apelo ao prazer pelo prazer, do hedonismo contemporâneo, mas viver cada momento com disciplina de vida, com a ideia de que apesar do futuro ser incerto é importante procurar a alegria de viver de forma ordenada, racional, que deve evitar tudo o que ponha em causa o prazer das alegrias futuras.

O estoicismo, por mais prazer moderado em que se deseje viver, também tem os seus limites; por mais que prometa a força humana.

É o que acontece, porventura, todos os dias quando os cidadãos procuram os serviços que garantem a existência do organismo a que vulgarmente denominamos por “Estado”.

Alguns serviços não servem! Não servem por natureza nem servem para nada.

Apontemos uma mera ilustração; uma ilustração vivenciada.

O horário da repartição de finanças coincide com a maioria dos horários de outros trabalhadores, apenas, e não é coisa pouca, encerra às 16.30.

Por erro da administração pública, repristinação ou labor legislativo, com datas de entrada em vigor verdadeiramente aberrantes, o cidadão, uma pessoa comum tem de, no caso inspirador da ilustração, devolver uma determinada quantia ao Estado. Os procedimentos são perfeitamente anedóticos: recebe a nota de cobrança em carta registada. Nada o opor a não ser esse pormenor hilariante de, para quem trabalha, o destinatário poder não estar em casa. Ato contínuo, tem uma semana para levantar a “encomenda”, não interessa a distância, a hora, a disponibilidade,… nada! Nada justifica, sem prejuízo agravado, que falhe nessa tarefa a que é totalmente alheio. Mas mesmo assim, sendo alheio ao processo, tem de cumprir ou fazer cumprir, pedir alguém que vá aos “Correios” – afinal, ninguém está cá sozinho, como se aludiu no início deste apontamento: necessitamos de outros!

De notificação na mão, mais uma etapa: a devolução, ou pagamento que seja, tem de ser efetuada presencialmente. (Que obtusidade!? Não há outra via?!) Novo problema! Mais um dia, uma manhã,… mais uma falta ao trabalho, com toda a burocracia que isso implica, sobretudo se for funcionário público, por mais estranho que pareça. Ah! Sem esquecer os prazos, isso é que não, os encargos podem chegar ao mirabolante!

E por fim,… cumprida a missão!

Quem ganha e o que se ganha com esta “neolítica” forma de gerir as coisas na administração pública?!

Aparentemente, com estes entraves todos, as delegações públicas deveriam estar abertas ao domingo num Centro Comercial, por exemplo. Passava-se por lá e resolvia-se estes imbróglios com outra predisposição: “carpem diem”!

É evidente que este Estado não serve, é servido! É mau! Devora e é devorador!

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