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terça-feira, 22 de julho de 2014

Limites da (in)competência

 

O caso do dia é a prova dos professores.

Pensemos a circunstância com objetividade. Garantido o direito de acesso à educação para todos, para bem do país, para o seu desenvolvimento cultural e científico com consequências diretas em todas as outras áreas (económica, financeira, bem estar,… o que será de um país sem médicos, engenheiros, arquitetos,… profissionais qualificados!?), foi necessário aumentar a quantidade e melhorar a qualidade da preparação dos professores. Por isso, foram criados cursos via ensino nas universidades. Estava avalizada a qualidade dos docentes.

O que é que alterou este horizonte? Três domínios macro:

- não houve um plano (ou faltou coragem para ser aplicado) para evitar que a oferta viesse a ser maior que a procura. Com a curva descendente da natalidade de forma abrupta, o número de professores passou a ser elevado;

- depois surgem medidas de política educativa que continuam a fazer oscilar e a cair em ritmo acelerado de experimentação desmedida o currículo: à criação de mais disciplinas ou áreas curriculares não disciplinares e à escola com outras valências fundamentais (pré-escolar, inglês, expressões, informática,…), que implicaram mais docentes no sistema de ensino, mais qualidade, contrapôs-se a extinção e uns minutos de malabarista;

- surge a necessidade de cortar nos gastos…não se atacaram os gastos sumptuosos à vista nas Parcerias Público-Privadas, nas rendas de duvidosa transparência, os disparates e dislates bancários. E, o que aconteceu, cortou-se nos que menos podem (educação, reformados, saúde,…).

Ou seja, emagreceu-se o currículo, despediram-se professores, aumentou-se o número de alunos por turma, o suficiente para retirar a possibilidade a muitos de aspiraram à carreira docente. Portanto, já não é necessário mais nenhum atropelo, não havendo horários para a docência nas escolas não há professores a mais. Mas isto não bastou!

Foi criada uma aberração casmurra: uma prova! Uma prova que não serve para nada. O sistema já não consegue, como referimos, receber mais ninguém. Portanto, dá a ideia de ser, até pelos custos de inscrição na mesma, uma medida do género da taxa sobre os sacos plástico, mais uma fonte de receita para o Estado. Ridículo. Limite da (in)competência

Sempre que um professor ou uma professora se expõem na luta pela dignidade do sistema e políticas educativas está a lutar por melhor educação, pela melhoria do processo ensino-aprendizagem.

O professor é o último reduto de equilíbrio social e dos primeiros na vanguarda para o desenvolvimento de melhores condições de vida. O primeiro será, naturalmente, a base da proficiência, a família. Mas, depois, quem acompanha, faz suscitar, ajuda a desenvolver essa proficiência é o professor. Este laço fontal foi quebrado por um conjunto de agressões (políticas educativas) que fez crer que a escola passou de substantivo a adjetivo, isto é, de sebenta (com origem no particípio presente ‘sapiente’ de onde deriva ‘sabença’ ,‘sapientia’) para sebenta (imundo, sujo, sebento). Sem recursos, sem meios, sem condições o que é se espera?

É triste tudo isto mas “quem não sente não é filho de boa gente”! E os professores eram das profissões que mais confiança transmitiam; ajudavam a arrumar as ideias, a pensar, a ser! Portanto, para alguns “campos ideológicos dos corredores do poder” (pouco recomendável) uma frente de batalha que interessa dispersar, dominar, diminuir.

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