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terça-feira, 8 de outubro de 2013

O fim deste Estado

 

As contas públicas, as políticas do Governo para as tratar e, a montante desse exercício contabilístico, a espiral de pobreza em que são colocados os portugueses... é aterrador. Um apelo à insurreição. Tudo isto aponta para um cenário “tuberculoso” , que nem o Príncipe de Maquiavel seria capaz de ousar: “todo o Príncipe inteligente deve fazer: não somente vigiar e ter cuidado com as desordens presentes, como também com as futuras, evitando-as com toda a cautela porque, previstas a tempo, facilmente lhes pode opor corretivo; mas, esperando que se avizinhem, o remédio não chega a tempo, e o mal já então se tornou incurável. Ocorre aqui como no caso do tuberculoso, segundo os médicos: no princípio é fácil a cura e difícil o diagnóstico, mas com o decorrer do tempo, se a enfermidade não foi conhecida nem tratada, torna-se fácil o diagnóstico e difícil a cura”.

É inacreditável!

Não há uma medida propalada, para o Orçamento do Estado, que seja equitativamente transversal. Só se verifica o linear, o corte horizontal, entre os que têm pouco ou nada. Agora, mais cortes nos serviços que garantem alguma qualidade de vida (educação e saúde), cortes nos salários e pensões; elaboração do plano tíbio de incapacitar, pela diminuição da possibilidade do acesso, os serviços passam a ser menos utilizados; como não são utilizados, pode-se fechar!

Quebrou-se o princípio basilar das organizações: a confiança.

A confiança formal, aquela que precisa ser vinculada contratualmente, é imprescindível. Mas com recurso a instrumentos vinculativos não deixa de ser um ato de apreciável valor o respeito recíproco pelos termos que se firmaram. Com as medidas aplicadas, esta dimensão deixou de fazer qualquer sentido. Se o Estado não cumpre os contratos, altera-os, rompe-os como é que as pessoas podem manter a coesão social?!

A confiança informal, a gerada no caráter dos interlocutores, também já não existe…

E a confiança como elã para o futuro, geradora de esperança?! Está devastada. Este país é mesmo para velhos, apreciados Ethan Coen e Joel Coen!

Nada! Quem lança o olhar em frente tem de focar muito para ver algo de bom no horizonte. Um horizonte perdido, com uma única ideia: estes pobres são muito ricos! Portanto, forte com os fracos!

 

(in Correio do Vouga, 2013.10.09)

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