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quarta-feira, 29 de maio de 2013

O cume do Evereste e o iceberg

 

Há pessoas, situações, momentos que nos deslumbram profundamente. Maria da Conceição, ao chegar ao topo do Evereste suscitou a descoberta da imensa obra que parecia submersa. Afinal, aquele momento, no Evereste, não é mais do que a ponta de um iceberg.

Fascinante!

Maria da Conceição queria ser a primeira mulher portuguesa a escalar o Evereste. E conseguiu. A hospedeira de bordo alcançou o cume da montanha mais alta do mundo na terça-feira, 21 de maio, às 9h13m locais (4h28m em Portugal). A iniciativa tinha um objetivo principal: angariar um milhão de dólares (cerca de 800 mil euros) para a Fundação Maria Cristina (, que ajuda famílias carenciadas no Bangladesh.

Maria do Céu da Conceição nasceu no concelho de Vila Franca de Xira onde viveu os seus primeiros dois anos de vida. Até aos doze anos esteve em Avanca, altura em que voltou ao concelho da sua naturalidade e onde esteve até emigrar.

No seu itinerário enquanto emigrante esteve em Itália, na Suíça, em Inglaterra e nos Emirados Árabes Unidos, na cidade do Dubai. Durante três anos e meio esteve a viver clandestinamente na Suíça, onde foi vítima de um grande acidente, tendo por isso sido 'amigavelmente' expulsa para o país de onde tinha saído, a Inglaterra.

Foi no Brasil, por onde passou, que experimentou o voluntariado com adolescentes das favelas em ambiente considerado violento, experiência curta devido à falta de preparação. Ficou no entanto tocada pelo entusiasmo de vir a fazer algo na tentativa de ajudar os mais necessitados.

No ano de 2003 a trabalhar por turnos e em Inglaterra, recorreu ao Centro de Emprego com a pretensão de ter um trabalho das nove às cinco! Um funcionário do mesmo centro propôs-lhe que concorresse à Emirates Airlines como hospedeira de bordo, tendo-lhe tratado de tudo sem a ter deixado pensar bem no que ia fazer. No entanto seria uma oportunidade para viajar por muitos lugares, o que certamente terá contribuído para que tivesse depreciado o horário de tal emprego. Com uma proposta irrecusável, a Maria emigrou para o Dubai onde permaneceu até hoje.

Os primeiros dois anos foram marcados por muitas viagens a passar férias em ilhas paradisíacas.

Em Abril de 2005 fez um voo em serviço Dubai - Dhaka, com uma escala de vinte e quatro horas passadas nessa cidade. Guiada pela curiosidade de conhecer os lugares por onde passava, resolveu sair do hotel Sheraton onde a companhia aloja as tripulações. O porteiro do hotel sugeriu a visita a orfanatos e hospitais, ideia que ela aceitou tendo ido visitar um orfanato. Enquanto estava no Orfanato, umas irmãs desafiaram-na a visitar um Hospital onde encontrou uma menina adolescente, que estava muito doente e que tinha acabado de dar à luz gémeos. A menina estava praticamente abandonada à sua sorte. As condições do hospital e a precariedade dos tratamentos fizeram com que Maria saísse de lá chocada! Aquela imagem não lhe saiu da mente. Só recuperou a paz quando decidiu voltar a Dhaka para ajudar aquelas pessoas.

Em Maio, mês do seu aniversário, a Maria resolveu fazer uma mudança radical no seu modo de vida, vendeu todos os objetos, roupas e ornamentos supérfluos que tinha no seu apartamento, levantou as suas economias do banco, pediu a amigos e colegas que lhe doassem tudo o que já não lhes fosse necessário, pediu ajuda a outros e partiu para Dhaka com toda a carga e com dinheiro para iniciar algo que contribuísse para aliviar as pessoas daquele horror.

Aparentemente, vislumbrámos a ponta do iceberg!

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