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terça-feira, 26 de junho de 2012

A lei e a ética

 
O debate é antigo. Levanta-se novamente a questão a propósito da greve, ou das greves.
O setor dos transportes está há dias, o que para parte significa da opinião pública são muitos dias, a fazer greve.  Nesta atividade económica, a dos transportes, a “cântara vai muitas vezes à mesma fonte”, o que se aceita na lei mas poder-se-á questionar, suspeitar, no domínio da ética!
Nos feriados municipais de Lisboa e Porto, algumas profissões do setor ferroviário, e a ele administrativamente associado, fizeram ouvir a reclamação dos seus direitos com recurso à greve.
Agora, sob acusação de terrorismo económico, por parte dos hoteleiros de Portugal, também os controladores aéreos e pilotos apresentaram o pré-aviso de greve. As tensões sociais vão aumentando de tom.
Cada vez que se ouve um dos lados da questão, fica a verdade comprometida, tal a violência das expressões entre a ênfase dada às reivindicações, a justiça da reivindicação, compreensão dos motivos no contexto temporal ou oportunidade para ser realçada a ação.
Colocar o assunto na perspetiva de análise em contraponto ética – lei poderá ser um abuso. A humanização da vida e da vida com qualidade nas suas variáveis será sempre um direito e é princípio de qualquer quadro ético. Mesmo assim, pelas coincidências e oportunidades mas principalmente por nunca se saber a verdade dos lados, valerá entender estas movimentações.
Seria importante ter um observatório para a ética da greve.
Esta ferramenta, o observatório, se garantisse a autenticidade dos dados e justiça dos objetivos, daria um grande contributo para a salvaguarda de todos e de tudo; incluindo a lei e a ética.
Com pouca informação sobre as causas, sem conhecimento aprofundado dos motivos, fica tudo muito comprometido. Não é bom entender um fenómeno apenas pelas suas consequências.
Nestas greves, serão justas as causas? Ganha o setor e o país maior dignidade e desenvolvimento? Está garantido o princípio da proporcionalidade?
Aparentemente, o direito à greve atolou-se em rodriguinhos de setor ou classe que já não tem muita ética! E assim, o que poderia ser uma ferramenta fundamental de mudança passou a ser entendido, pelo peso do deve e haver, como mais um motivo para os mesmos, os mais poderosos, terem ainda mais.
Os pobres serão cada vez mais pobres. O país também.
(in Correio do Vouga, 2012.06.27)












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