Há uma divisão de sentimentos perante este evocativo.
Sim, é preferível partir para acção do que colocar qualquer dúvida sobre o feito. Porque, no início de semana, ficámos a saber que não é fácil passar pela prova, tão típica na época como são os santos populares e todas as romarias associadas.
Prestar provas é normal em todas as etapas da civilização. São momentos simples em que um candidato demonstra aos demais (candidatos ou titulares de qualquer condão) as melhores competências para o exercício de um ministério.
Porém, o ambiente e ambição que se depositam em torno do acto ou da função futura, normalmente imbuída em prestígio ou dinheiro, transformam a simplicidade em absurdo, o sonho em desgraça, em verdade ou mentira, em honra ou vexame.
Na expectativa, ninguém vai a exame para ser menos.
Vemos o enterro de uma mudança, quando no hemiciclo parlamentar o candidato fica só; sem grande razão não é sufragado pela maioria; desiste do sonho que transportava para que outros pudessem sonhar independentemente também!
O Governo de um país caminha “como ovelhas para o matadouro”, sob uma matiz que, chega-se a não desejar, se apresente a uma torpe de algozes prontos a devorar.
- Quem são esses que ostentam gravatas finas e vêm ao encontro do pobre e desfavorecido que não se sabe governar?!
- São apenas – diria qualquer personagem de Herculano ou Quental – os senhores que nos sustentam e que à lei da morte nos vão remeter se não… passarmos no exame, senhor!
- E quem são esses que, mesmo no exame, fazem da batota uma arte ilusória de quem serão capazes de socorrer os que deles precisarão?
- São apenas, senhor, candidatos ao Magistério Público.
- E quem são esses milhares de jovens que, de exame em exame, caminham para o fim do seu curso?
- São o futuro, senhor.
- E quem são estes que perante exames tão positivos (diagnóstico complementar do médico) os vejo tão distantes e absortos em pânico!?
- Serão o passado, senhor, se se confirmarem os resultados!
No presente, é o que temos: exames, sempre exames. Cada dia traz a cada um momentos para examinar e ser examinado. Desde os primeiros momentos em que, ao espelho, conforme uma série de elementos subjectivos escolhemos a peça de roupa para vestir, até aos momentos mais determinantes, por serem raros e de maior responsabilidade.
Contudo, o que custará mais não será o acto é, isso sim, não estarmos preparados para responder ao solicitado. Vale para as pequenas coisas como vale para os maiores.
Preparemo-nos, então!
(in Correio do Vouga, 2011.06.21)
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