A “face visível”
Com tanta coisa a disseminar-se por aí sob a capa de face oculta, parece que é importante separar os assuntos, as duas faces: a visível e a oculta. Porquanto, é notório que a face oculta só existe enquanto existir a visível. Se a oculta passa a visível… temos imediatamente outra oculta, não é?!
Porém, há uma tentativa de tornar visível o que está oculto ou oculto o que está visível?
Comecemos pela face visível.
É preciso parar. Parar tudo!
Está em marcha uma revolução social com paralelo na história! Sim, com paralelo. Normalmente, para enfatizar a coisa, assume-se o caso como ímpar, único na história; sem paralelo. Não é o que se passa.
Sem grande esforço encontramos este desmantelamento social no epílogo de todas as civilizações. A nossa, a que a pós-modernidade tentou edificar, está a ruir há vinte anos. Primeiro, os ídolos, depois os valores.
Sucumbiu o mais frágil. E agora cai o resto, o que nos parecia imperecível. O direito que assegura os direitos, a justiça.
Até está à vista que há uma desarticulação sócio-económica.
A sociedade está doente. O que fazer com ela?
Abordemos um lugar-comum, por sinal o mais preocupante, porque é o mais (ou menos) humanizante: as gerações (mais novas e as mais velhas) e alguns ciclos viciosos do “regime”.
Os pais não sabem o que fazer com os filhos!
Cuidados paliativos: ocupá-los o mais possível. Porque a vida, a paciência, a azáfama, as novas pressões sociais (net, lúdico, noite, diversão, novas tecnologias) obrigam a dar tudo. E assim, os jovens têm tudo sem nada.
Os professores não sabem o que fazer com os alunos!
Cuidados paliativos: só há dois caminhos, e são de extremos. O caminho dos que querem e o dos que não querem. E há uma multidão imensa a necessitar de uma terceira via: a dos que precisam!
E, ao jeito de consequência, poucos sabem o que fazer com o sistema educativo!?
Cuidados paliativos: falar do Estatuto (qual estatuto?) e da avaliação dos docentes. Até fede a ridículo.
Os filhos não sabem o que fazer com os pais (os mais velhos é evidente)!
O choque geracional está ao rubro.
Depois surgem todas as outras maleitas. Sem pão, sem justiça, sem valores, sem afectos… ficamos a saque, salve-se quem puder.
Enfim, esta é uma pequena parte da face visível. Valerá a pena falar da oculta, a face oculta do fim do “império civilizacional”, claro?!
Pelo que se vê… está muito mal tratada!
Cuidados paliativos: deixemos isso para a justiça!
Nota: o uso da expressão “cuidados paliativos”, neste contexto, foi consciente mas por semelhança, visto que consideramos a resposta activa aos problemas decorrentes da doença prolongada, incurável e progressiva, na tentativa de prevenir o sofrimento que ela gera e de proporcionar a máxima qualidade de vida possível aos doentes e às suas famílias.
Com a máxima deferência à Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos
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