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quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

PL, in "Correio do Vouga" - 07.12.05

Guerra em tempo de paz!

A etimologia guerra e paz das duas palavras explica o inter-relacionamento que permeia a dicotomia paz/guerra, na qual a guerra é o termo forte e a paz, por isso mesmo, é normalmente entendida como ausência de guerra. A expressão “guerra” terá a sua origem no germânico werra, que tem a acepção de discórdia, combate. A “paz” tem origem latina em pax, de verbo cujo particípio é pactus, daí o pacto (celebrado entre os beligerantes para terminar, cessar o estado de guerra).
A mitologia dá preponderância à guerra em detrimento da paz. Ares, o deus da guerra, tem assento no panteão olímpico. Éris, deusa que personifica a discórdia, na poesia como na epopeia,Discórdia. O seu oposto é a Harmonia, correspondente à Concórdia romana. Éris aparece como filha primogénita da Noite, e mãe da Dor (Algea), da Fome (Limos), da Desordem (Dysnomia) e de outros flagelos.
E até ao século XX a valorização da guerra foi mais frequente do que a sua condenação. Hegel, por exemplo, contestando Kant, diz que a guerra assegura a saúde moral dos povos, que se veria afectada pela estagnação numa paz perpétua, da mesma maneira que os ventos protegem o mar da podridão inerente às águas paradas.
Também, quanto à expressão, é famoso o romance escrito por Leon Tolstói, publicado em 1869, uma das obras mais volumosas da história da literatura universal, que conta a história de duas famílias russas durante a invasão napoleónica de 1812.
Porém, a valorização da paz, cujo antecedente de referência é o ideal messiânico do profetismo bíblico (conversão das espadas em arados – Is 2,4; 11), só encontrará eco social em plenos anos 60 do século XX, com os movimentos pacifistas – já depois de duas guerras mundiais!?
Com tudo o que vai chegando até nós, já entre nós, em todos os debates, na noite de todas as coisas (como a mitologia grega nos ensina?! Nix, deusa da Noite, era irmã do Caos, o que faz dela uma das primeiras criaturas a emergir do vazio),… o que virá a seguir?
Na era da “aldeia global”, onde todos se conhecem e querem conhecer tudo e todos, não há vizinhos, franqueza, solidariedade, confiança, lealdade,… não há aldeias na globalização! Urbanizou-se tudo e, hoje, estamos praticamente serpenteados de guetos e só gangs percorrem as ruas daquela que já foi a nossa aldeia?!
aparece como irmã de Ares. Corresponde à deusa romana