Em frente, vamos!.

EM FRENTE, VAMOS! Com presença, serenidade e persistência, há boas razões para esperar que isto é um bem...

Páginas

terça-feira, 6 de novembro de 2007

PL, in "Correio do Vouga" - 07.11.06

A arte de acolher

A nossa capacidade de acolher, de sermos bons anfitriões, é tão singular que cativa quem passa pelo nosso país, pelas nossas cidades, por cada recanto das nossas terras! O estrangeiro é um amigo – salvo raras excepções!
No fundo, sem aprofundar a questão do acolhimento, a nossa cultura judaico-cristã, está embebida no gesto nobre do acolhimento que os relatos neotestamentários nos incutem (Mt 10, 18, por exemplo)!
No respeito que é devido entre uns e outros, o mais radical agnóstico, o iliterato, o cidadão comum, todos sabem que é revelador de singularidade a pessoa ter um comportamento social adequado. Afinal, tudo se resume a princípios elementares do ser humano: saber ser e saber estar na dignidade de cada um! Quem recebe enfatiza, com a devida prudência e discrição, os dons de quem vem e dá o adequado destaque (na saudação que se empresta, no lugar que ocupa, no diálogo que se estabelece). A quem é recebido, requer-se afabilidade, bonomia, serenidade no que recebe.
É sabido que ninguém, de boa vontade e educado, no facto de aceitar receber e ser recebido, muito menos quando tudo é feito em nome de outrem, deve explicita ou implicitamente retirar daí dividendos, quaisquer que sejam!
Bem sabemos que o mundo não é assim – tão distinto nas suas cores!?
Entre nós, somos tão capazes de acolher bem os de fora, como crucificar os que nos são próximos – “nenhum profeta é bem recebido na sua terra” (Mt 13,57 e sinópticos)! E daqui pode-se extrapolar para a metáfora: tanto faz ser profeta como não! Desde que seja daqui não pode sair de cá! E Todos os que não vejam assim… são réus de morte! “Crucifica-o”.
A vida, toda a vida, é tão diversificada e apreciada que até no calvário havia quem se opusesse ao Crucificado e quem assumisse, com Ele, aquele sacrifico como caminho de salvação!
Apesar de tudo, há quem veja mais longe! E, independentemente de ser Samaritano ou Judeu, aprecia quem é capaz de sair de si, vencer etapas, aspirar a ser mais! Isso implica não deixar que sejam os acontecimentos a condicionar as opções mas sim o discernimento, claro e lúcido! Porque nunca será apenas a vontade do próprio a definir o caminho de todos!?
Por fim,…acolher bem… até na crítica devemos ser bons, a proferi-la e a aceitá-la! Seja bem vinda!