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terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Por fim… o Pátio dos Gentios




 
O mês de dezembro não é a possibilidade de preparação imediata para uma “data qualquer” – poderia ser este o princípio de um texto politicamente correto. Não pode ser. Não pode ser nem político nem correto! Porque o que está em causa é a celebração do Natal, a Incarnação de Deus para resgatar o homem do pecado (do original e de todos os outros pouco originais; e são muitos)!
Como se sabe a expressão “politicamente correto” emerge na segunda metade do século XX, nos Estados Unidos, durante as disputas culturais. Servia para camuflar extensivamente a referências de classe, raça, género, orientação sexual, nacionalidade, incapacidade e outras designações para subentender a subalternidade. Enquanto, por exemplo, os negros autodescreviam-se como “afro-americanos” — valorizando a lógica da identidade pela cultura de origem, e não pela cor da pele —, os simpósios “Correção Política e Estudos Culturais” propunham examinar qual o efeito que tem sobre a pesquisa académica a pressão para se conformar a ideias atualmente na moda. Tomava corpo a bem sucedida estratégia de certos setores nas guerras culturais: a “pressão” para que se adotassem expressões “politicamente corretas” para silenciar o outro enquanto se faz de vítima oprimida.
Não querer usar o politicamente correto é exatamente para podermos olhar os sinais emergentes como contrários a tudo o que o Natal trouxe ao mundo, partindo da mensagem de amor universal para os homens e mulheres de boa vontade.
Mas a boa vontade tem limites!
Com o Natal e o fim do ano, no Calendário Gregoriano, é certo que há aumentos no preço das coisas que os cidadãos mais necessitam, quer expressamente (para procura do salário justo e vida digna, transportes por exemplo) e ocultamente (dependências energéticas, comunicações,… as armadilhas do sistema)!
E como se não bastasse… mais um Banco!
Como se pode ser politicamente correto com isto?!
Os aumentos (em nome de quê? Porque razão para além da “abutrização” - de abutres! - dos “Mercados”?) e a falta de verdade (no caso do tratamento dado às coisas do Estado, Banif por exemplo) promovem a desintegração social, sustentam dependências, escravizam as pessoas!
O espírito de Natal (tolerância e tréguas) dará, por fim, lugar à expulsão dos vendilhões no Pátio dos Gentios!
Naquele tempo havia homens ricos e pobres, virtuosos e criminosos, livres e escravos. O Templo, em Jerusalém, constituía-se num lugar de peregrinação, era um lugar visitado por pessoas e comunidades de todas as nações. Tinha quatro pátios. O primeiro era o “pátio dos gentios” (“hieron”, ocupado pelos mercadores que realizavam trocas de dinheiro e vendiam os animais. Transformaram aquele espaço em "casa de comércio", em "casa de privilégios”, em que os movimentos comerciais relacionados e bastante lucrativos  eram monopolizados apenas por algumas famílias! O resto da história é sobejamente conhecida,… o Nazareno, o mesmo da ternura do Natal, deu cabo daquilo tudo!
Por fim,… basta!

(in Correio do Vouga, 2015.12.22)

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