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quarta-feira, 14 de maio de 2014

Carta aberta ao ex-meu Banco

 

Banco,

Em tempos cheguei a dirigir-me para as instalações de V/ Exª com multiplicado entusiasmo e expetativa.

O Banco não era qualquer coisa, era o “meu” Banco! Poucas instituições recebiam este epíteto. Não era pela presunção dominante, possuidora, tratava-se de uma pessoa (comercial, claro) que inspirava confiança! Ao Banco, na simpatia do acolhimento, na proximidade do trato, entregava-se o produto de passado e as garantias de futuro! O cliente tinha nome, era bem-vindo! A escolha do Banco até ficava condicionada as estes aspetos menos utilitários.

Ir ao Banco era essencialmente para adicionar valor – quantos sentimentos, quanta satisfação, eram depositados com aquele pequeno ou grande, periódico ou ocasional, pecúlio!?

Cheguei a receber uma mensagem no aniversário e, na adversidade ou na necessidade, ali estava o “meu” Banco, com o meu dinheiro!

Propuseram-me produtos que me faziam duplicar o investimento e eu recusei. Aquilo não podia ser bom negócio. Só quem não conhece o custo do trabalho e o valor das coisas, a honestidade, é que podia enveredar por riqueza tão célere.

Lá aceitei o cartão de crédito, para uma emergência – mas qual emergência? Aceitei umas viagens, e mais um conjunto de bens essenciais para os tempos que se avizinhavam a grande velocidade, tudo a crédito – o juro que tinha de pagar era baixo, mitigado, evitava gastar as minhas poupanças!

O tempo mudou! Diz-se que evoluímos. Chegaram os tempos modernos.

O que tinha direito, pensava, deixou de ser. O Banco já não tem vida, tem autómatos e máquinas que desconheço.

O balcão foi derrubado – como é que posso ir ao “balcão” onde já não existe? – surgiram aqueles atendimentos intimistas e intimidantes, conversas sussurradas com quem não conheço e que também não me conhece!

Tudo para poupar, para evitar despesas supérfluas! Cheguei a acreditar que era verdade!

Deixei de receber cartas, deixei de receber o extrato,… passei a ser um encargo! Surgiram taxas por todo o lado, manutenção de conta, custos indiferenciados! Manutenção de conta?! - Isto é que é de bradar! E tudo isto, diz-se, porque movimento poucos montantes!? Não é pouco, é tudo o que tenho! E foi este pouco-a-pouco que, em tempos, fizeram de Vª Exª grande! Estarei enganado?

O Banco já não é “meu”! Agora é de um grupo anónimo, distante, que não me diz nada!

Entrava confiante, com aquele ar de não dever nada a ninguém, agora sinto-me envergonhado. Até já ouvi propor que todos os meus movimentos bancários, sobretudo os levantamentos, sejam tabelados?! Parece surreal, algo louco.

Afinal, todos os cortes nos meus (supostos) direitos e serviços mais não foi que um aumento de lucros!

Lamento!

Chegou a agora de acertar as contas! Vou retirar os meus parcos valores daí. É o primeiro passo. Posteriormente, quanto ao que já devo, numa próxima correspondência, vou comunicar pelas vias que Vª Exª usa comigo, um corte unilateral nos juros que me impôs. Pagarei honestamente quanto devo, com um juro razoável.

É a vida! O meu patrão também cortou no meu salário e eu tenho de sobreviver!

PS: e se a ficção fosse materializada?

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