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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Os buracos

 
Todos os dias somos confrontados com esta realidade: buracos!
Num país de brandos costumes – não vemos grande dificuldade na matéria, desde que brando seja sinónimo de responsabilidade e compromisso social! – um país de brandos costumes e pobre, pobre financeiramente mas também pobre na gestão dos direitos e deveres, na participação das ocorrências, facilmente é encontrado o movimento desculpabilizante. Isto é, aceita-se com relativa bonomia e docilidade que tudo esteja estragado, inoperacional, atrasado,…esburacado!
“Que culpa tenho eu?!”
“Que culpa teve o pobre coitado?!’”
“Que culpa temos nós?!”
É recorrente esta retórica de admiração-interrogativa. Começa logo á saída de casa com o elevado avariado por falta de pagamento da manutenção ou de uma das parcelas dos condóminos; na passagem impedida por qualquer obstáculo pouco cívico; pela estrada esventrada;… nos buracos!
A aceitação dos buracos é incomodativo mesmo quando os portugueses, como é noticiado pelo jornal “Público”, não estão satisfeitos com a vida que levam. Esta é uma das conclusões do Índice da Melhor Vida relativo a 2013, divulgado na terça-feira, 5 de novembro, pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Entre os 36 países avaliados, Portugal é o segundo pior no que diz respeito à satisfação dos habitantes. Para avaliar a qualidade de vida dos países, a OCDE tem em conta indicadores que considera indispensáveis ao bem-estar: habitação, salário, emprego, comunidade, educação, ambiente, envolvimento cívico, saúde, satisfação, segurança e equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. No índice em geral, Portugal está no 23.º lugar e apresenta alguns indicadores particularmente negativos. É, por exemplo, o quinto país com a pior classificação na educação, cuja análise é feita a partir do número de anos passados na escola, das habilitações literárias da população ou das capacidades demonstradas nos testes PISA, feitos pela OCDE.
Há também o caso do político que, em campanha, promete mudar o mundo mais ou menos no mesmo tempo em que Phileas Fogg, de Júlio Verne, deu a volta ao mundo (oitenta dias). Depois de se sentar na “cadeira do poder” – é automático, conhecimento instantâneo, inspiração fulminante – afinal, há um buraco (nas contas) que vai atrasar essa mudança! Maldito buraco. Mais uma vez impede o desenvolvimento. Resta-nos esperar contemplativamente que isso mude!
O Orçamento de Estado para 2014 é aprovado na generalidade. Nos dias imediatamente seguintes, a Comissão Europeia encontra uma falha equivalente a 820 milhões de euros na execução orçamental deste ano, noticia a rádio TSF, citando as previsões de Outono divulgadas por Bruxelas. Uma 'falha' que obrigará Portugal a aplicar medidas adicionais. Maldito buraco.
Será acaso, como referimos, sermos o quinto país com a pior classificação na educação, cuja análise é feita a partir do número de anos passados na escola, das habilitações literárias da população ou das capacidades demonstradas nos testes PISA, feitos pela OCDE!?
 
(in Correio do Vouga, 2013.11.06)











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