in Diário de Aveiro (janeiro, 2019)
M. Oliveira de Sousa*
A boa política está ao serviço da paz.
O PS-Aveiro, numa nota alusiva à Quadra, reafirma a grandeza peculiar
de quem é parte de um todo na construção da sociedade, a sua matriz na riqueza
da pluralidade: “todos os tempos que sejam de encontro, de mensagem de paz e
fraternidade são nossos também!”. E isto não é coisa pouca. É o conforto da
diversidade, de vivência permanente em diálogo, de interacção, de atenção à
satisfação e motivação dos pares, da valorização dos contributos que gera maior
comprometimento e responsabilidade.
Assim, no início do ano, com o Dia Mundial da Paz no dia 1 de janeiro, celebração
criada pelo Papa Paulo VI em dezembro de 1967, que a partir do primeiro dia de 1968
tem vindo a ser direcionada para os compromissos da justiça e da paz, merece
relevo a mensagem do Papa Francisco sobre “a boa política está ao serviço da
paz”. É de grande acuidade o pensamento que proporciona o debate sobre os
caminhos e encargos comuns, sobre responsáveis pelo poder, que é confiado pelas
pessoas nos seus representantes, pela política.
Pode destacar-se, em processo de desconfortável inculturação, um
racional tendente que pode ser ignorado ou trazido à colação.
a
A política
é um meio fundamental para construir a cidadania e as obras do homem, mas,
quando aqueles que a exercem não a vivem como serviço à coletividade humana,
pode tornar-se instrumento de opressão, marginalização e até destruição. A
busca do poder a todo o custo leva a abusos e injustiças.
b
Há vícios,
mesmo na política, devidos quer à inépcia pessoal quer às distorções no meio
ambiente e nas instituições. Para todos, está claro que os vícios da vida
política tiram credibilidade aos sistemas dentro dos quais ela se realiza, bem
como à autoridade, às decisões e à ação das pessoas que se lhe dedicam. Estes
vícios, que enfraquecem o ideal duma vida democrática autêntica, são a vergonha
da vida pública e colocam em perigo a paz social: a corrupção – nas suas múltiplas
formas de apropriação indevida dos bens públicos ou de instrumentalização das
pessoas –, a negação do direito, a falta de respeito pelas regras comunitárias.
c
Quando o
exercício do poder político visa apenas salvaguardar os interesses de certos indivíduos
privilegiados, o futuro fica comprometido e os jovens podem ser tentados pela
desconfiança, por se verem condenados a permanecer à margem da sociedade, sem
possibilidades de participar num projeto para o futuro.
d
Cada um
pode contribuir com a própria pedra para a construção da casa comum. A vida
política autêntica, que se funda no direito e num diálogo leal entre os
sujeitos, renova-se com a convicção de que cada mulher, cada homem e cada
geração encerram em si uma promessa que pode irradiar novas energias relacionais,
inteletuais, culturais e espirituais.
e
A paz não
pode jamais reduzir-se ao mero equilíbrio das forças e do medo. Manter o outro
sob ameaça significa reduzi-lo ao estado de objeto e negar a sua dignidade.
Ignorar o que é importante, não é caminho que conduza a boas soluções.
* Presidente do PS-Aveiro
Vereador na Câmara Municipal de Aveiro
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