M. Oliveira de Sousa |
A obra de António Marujo – pertinente, fundamentada, trabalho
de investigação de excelente leitura,… como é próprio ao autor! – trata a “biografia
do Padre Joaquim Carreira, personagem muito relevante da História de Portugal
no século XX, mas quase desconhecido no nosso país. Escrita por António Marujo,
que tem investigado sobre a vida deste padre nos últimos anos, esta obra
mostrará como Joaquim Carreira abrigou judeus durante a ocupação nazi de Roma,
entre Setembro de 1943 e Julho de 1944, quando era reitor do Colégio Pontifício
Português da capital italiana. Os seus esforços e coragem foram já reconhecidos
pelo Yad Vashem, o Memorial do Holocausto de Jerusalém, tendo sido o quarto
português a entrar na lista desta instituição” (sic, sinopse institucional).
Não podíamos, ao acompanhar o Pe Carreira por Roma, deixar
de lembrar outras listas – umas mais antigas, outras mais recentes – com a mesma
causa na sua génese: a construção da casa comum com que não nos entendemos, nem
no projeto nem nas responsabilidades de cada um, na maioria das vezes
superadas, destruídas, envilecidas por quem tem a obrigação de cuidar do bem
comum!
Nem de propósito, António Marujo, uma obra lançada quase em
“cima” do Dia Mundial do Refugiado (20 de junho)!
Continuamos em movimentos sem sentido! E a errância pelo
mundo é anacrónica, como refere o relatório do ACNUR (traduzido em português do
Brasil):
O relatório “Tendências
Globais”, que regista o deslocamento forçado ao redor do mundo com base em
dados dos governos, de agências parceiras e do próprio ACNUR, aponta um total
de 65,3 milhões de pessoas deslocadas por guerras e conflitos até o final de
2015 – um aumento de quase 10% se comparado com o total de 59,5 milhões de
pessoas deslocadas registradas em 2014. Esta é a primeira vez que os números de
deslocamento forçado ultrapassaram o marco de 60 milhões de pessoas.
Comparado com a
população mundial de 7,349 bilhões de pessoas, estes números significam que 1 a
cada 113 pessoas é hoje solicitante de refúgio, deslocado interno ou refugiado
– um nível sem precedentes para o ACNUR. No total, existem mais pessoas
forçadas a se deslocar por guerras e conflitos do que a população do Reino
Unido, da França ou da Itália.
Entre os países analisados, alguns destacam-se por serem a
principal origem de refugiados no mundo. Síria (com 4,9 milhões de refugiados),
Afeganistão (com 2,7 milhões) e Somália (com 1,1 milhão) totalizam mais da
metade dos refugiados sob o mandato do ACNUR. Os países com maior número de
deslocados internos são Colômbia (6,9 milhões), Síria (6,6 milhões) e Iraque
(4,4 milhões). O Iêmen, em 2015, foi o país que mais ocasionou novos deslocados
internos – 2,5 milhões de pessoas, ou 9% de sua população.
Como companheiros da mesma caminhada, somos todos membros
desta lista de pessoas com nome e rosto!
O que podemos fazer juntos?
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