O mundo corre veloz, volátil, e o que se comenta e fomenta
previamente sobre os factos acaba por determinar a construção dos mesmos e,
consequentemente, o seu desfecho.
O exemplo mais recente – que decorre! – é o que se passa no
Brasil.
O Brasil está, em termos de Governo Federal, devido ao
processo de destituição da Presidente, num impasse. Isto é, na verdade está sem
Presidente (e o sistema é presidencialista!) e sem Governo, porque compete ao/à
Presidente nomear o Governo.
A situação, no essencial tem a sua complexidade. Porém,
resume-se a pouco: há vários processos à volta de corrupção e peculato (com
nome de “arquivo” judicial “Petrolão”, Lava Jato”,….) que decorrem sobre muitas
personalidades brasileiras, evidenciando empresários e responsáveis pela
condução política do país.
Mais do que tudo o que se passa no Brasil, mais do que o
essencial, é displicência não ver também a forma como as coisas são feitas. Porque
à própria Presidente do Brasil, com ou sem razão (como toda a gente desconhecem-se
razões substanciais) é movido este processo de destituição sem que ela esteja
apontada em qualquer caso judicial ou outro. Aparentemente apenas pela forma –
a gota de água?! Mas apenas a forma! – como terá protegido Lula da Silva ao
querer nomeá-lo Ministro.
Foi? Não foi? Ao ver a forma (outra vez) como os deputados
manifestavam o seu voto tudo parecia muito estranho, sem fundamento.
Esta volatilidade da verdade chega a parecer mentira! O que
nos recorda Alberto Caeiro (O Guardador de Rebanhos”. In Poemas de Alberto Caeiro. Fernando
Pessoa):
Olá, guardador de rebanhos,
Aí à beira da estrada,
Que te diz o vento que passa?
Que é vento, e que passa,
E que já passou antes,
E que passará depois.
E a ti o que te diz?
Muita cousa mais do que isso.
Fala-me de muitas outras cousas.
De memórias e de saudades
E de cousas que nunca foram.
Nunca ouviste passar o vento.
O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentira,
E a mentira está em ti.
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