A evocação presente por um dia assinalado não é de aceitação
incontestável. Há mulheres que concordam, há mulheres que discordam. Há opiniões
divergentes e complementares nos vários espaços sociais. Contudo, continuam a
existir desigualdades, o que nem é exclusivo ao 8 de março! Merece, no entanto,
que sejam eliminadas todas as barreiras de discriminação negativa: as
fronteiras que matam a dignidade, isto é, assumindo o pensamento de Kant
(1724-1804), o valor de que se reveste tudo aquilo que não tem preço, ou seja,
que não é passível de ser substituído por um equivalente. Dessa forma, a
dignidade é uma qualidade inerente aos seres humanos enquanto entes morais e
éticos. A dignidade é totalmente inseparável da autonomia para o exercício da
razão prática.
Sem voltar à história (do dia) – já o fizemos outras vezes –
enalteçam-se, neste, todos os movimentos que suscitam caminhos de aproximação,
de encontro e reencontro que recuperam tudo quanto se é em sim mesmo (como o
(i)mortaliza “O Que Tu És...”, de Florbela Espanca, no “Livro de Sóror
Saudade") para transformar a realidade envolvente:
És Aquela que tudo te entristece
Irrita e amargura, tudo humilha;
Aquela a quem a Mágoa chamou filha;
A que aos homens e a Deus nada merece.
Aquela que o sol claro entenebrece
A que nem sabe a estrada que ora trilha,
Que nem um lindo amor de maravilha
Sequer deslumbra, e ilumina e aquece!
Mar-Morto sem marés nem ondas largas,
A rastejar no chão como as mendigas,
Todo feito de lágrimas amargas!
És ano que não teve Primavera...
Ah! Não seres como as outras raparigas
Ó Princesa Encantada da Quimera!...
(PS: a propósito deste dia 8 de março de 2016, sugerimos uma
visita ao trabalho da Lusa sobre os dados do portal
estatístico Pordata, da Fundação Francisco Manuel dos Santos)
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